O presidente da Federação de Ginástica de Portugal (FGP), Luís Arrais, considerou hoje que a qualidade portuguesa nos trampolins “subiu de forma astronómica” na última década, faltando apenas um título olímpico para reforçar esse crescimento.
No rescaldo da 29.ª edição dos Europeus decorridos em Guimarães, entre quarta–feira e domingo, com três medalhas de ouro, três de prata e cinco de bronze para a seleção sénior, o dirigente vincou que o “número de medalhas é a ponta do ‘iceberg’” de uma evolução que impulsionou o país para um patamar superior ao de 2014, ano em que a cidade minhota acolheu a competição pela primeira vez e Portugal arrecadou quatro medalhas.
“A qualidade dos ginastas portugueses subiu de forma astronómica, devido ao grande trabalho que se faz todos os dias no nosso país, nos nossos clubes, com grandes treinadores, com grandes ginastas, com grandes dirigentes, que têm feito com que a ginástica tenha subido em termos qualitativos”, disse à Lusa, no balanço ao evento decorrido entre quarta–feira e domingo.
O responsável federativo salientou que o aumento de qualidade se vê também no número de finais e nas notas finais dos portugueses em competição – 25 seniores e 17 juniores – e considerou que a conquista de um título olímpico é o próximo passo a dar no trampolim individual, variante em que Pedro Ferreira se sagrou campeão europeu, no domingo, e Diogo Abreu levou o bronze, e em que quatro ginastas lutaram pelo acesso a Paris2024.
“Um título olímpico é aquilo que nos falta, mas penso que estamos no bom caminho. Tivemos quatro ginastas portugueses em luta para ir aos Jogos Olímpicos. É uma coisa fabulosa”, frisou o presidente da FGP, que, em 24 de março, selecionou Gabriel Albuquerque, de 17 anos, como representante luso na prova masculina.
Embora seja “muito difícil viver” apenas da modalidade, Luís Arrais realçou que os melhores ginastas lusos de trampolins já estão a “treinar todos os dias” ou até, nalguns casos, a fazer treinos bidiários e considerou que muitos deles se podem tornar semiprofissionais “dentro de pouco tempo” face ao trabalho desenvolvido.
“Nesta altura, eles trabalham tanto ou mais do que qualquer profissional noutras modalidades. Esta conjugação de fatores de excelentes treinadores, com muito trabalho dos ginastas, com grande apoio dos clubes e dos seus dirigentes e das associações territoriais leva a que a qualidade cresça. Os resultados estão à vista”, salientou.
Eleito em dezembro de 2020 para suceder a João Paulo Rocha, o responsável máximo da FGP enalteceu ainda o crescente conhecimento dos treinadores portugueses, que tem levado alguns deles a treinar noutros países.
O dirigente considerou também que a organização da prova correu bem, com base nas impressões dos treinadores, dos juízes e da União Europeia de Ginástica, tendo enaltecido o trabalho da equipa federativa, “já muito oleada e batida em eventos internacionais”, e da Câmara Municipal de Guimarães, pelos apoios logístico e financeiro para um evento cujo orçamento ascendeu a 700 mil euros.
Luís Arrais catalogou a cidade minhota de “talismã para a ginástica nacional”, pela disponibilidade para acolher vários torneios internacionais, entre os quais dois Mundiais de aeróbica, em 2018 e 2022, uma Taça do Mundo de ginástica artística, em 2019, e o próximo Mundial de ginástica acrobática, entre 12 e 22 de setembro.
Portugal acolheu pela terceira vez os Europeus de trampolins, com Braga como anfitriã em 1987, antes de a cidade vizinha de Guimarães receber as outras duas edições.
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