O sonho de Nelson Oliveira era uma medalha, mas o ciclista português mostrou-se hoje feliz por ter cumprido o objetivo de levar um diploma para casa no contrarrelógio dos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Sabíamos que hoje ia ser importante não correr demasiados riscos, pois podíamos perder tudo, e felizmente cheguei à meta são e salvo e consegui o meu objetivo, que era levar para casa um diploma olímpico”, resumiu um sorridente Nelson Oliveira.
Quando passou na zona mista da Ponte Alexandre III, o ciclista português já sabia que tinha repetido o sétimo lugar do Rio2016 e, assim, conquistado o primeiro diploma da Missão lusa a Paris2024.
“Sabia que as medalhas eram bastante complicadas, mas impossível não eram. Mas o diploma olímpico sabia que estava ao meu alcance”, reconheceu, antes de completar: “O sonho é sempre uma medalha, não é? Mas sabemos que há que ser realistas e há que pensar que há outros melhores”.
Os ‘outros’ melhores são alguns dos maiores nomes do ciclismo mundial, com Paris2024 a coroar o belga Remco Evenepoel como campeão olímpico de contrarrelógio, num pódio que ficou completo com o italiano Filippo Ganna, prata, e o também belga Wout van Aert, bronze.
“O meu objetivo sempre foi igualar principalmente aquilo que fiz no Rio. Em Tóquio, não correu como eu esperava, mas aqui sim e contente e agradecido por todo o apoio que me têm dado”, salientou.
Hoje, recorrendo à sua experiência, preferiu ‘ignorar’ o primeiro ponto intermédio e concentrar-se no que importava: o tempo na meta.
“O meu objetivo era esse mesmo, não ligar ao primeiro ponto intermédio. Eu sabia que ia quebrar para muitos outros atletas, mas sabia que tinha que gerir o esforço. São 33 quilómetros de grande esforço. O tempo também não ajuda e sabia que a parte final ia ser bastante importante e acho que geri bem o meu esforço. A ideia era chegar à meta esgotado e cheguei”, descreveu.
Sétimo a 01.31 minutos de Evenepoel, o ciclista da Vilarinho do Bairro garante que, mesmo que não chovesse, teria abordado de forma igual os 32,4 quilómetros entre os Invalides e a Ponte Alexandre III.
“A forma de correr ia ser a mesma. Podíamos, provavelmente, nas curvas arriscar mais, mas acho que aqui, tanto esteja chuva ou não, o nível em geral é o mesmo. Ou seja, acho que tanto como a chuva, como se estivesse tudo seco, o resultado ia praticamente ser o mesmo”, avaliou.
Aos 35 anos, Nelson Oliveira vai já na quarta participação olímpica, sendo o recordista da modalidade em Portugal – em Tóquio2020, foi 21.º e em Londres2012 foi 18.º. Instado a explicar o ‘segredo’ da sua longevidade, Oliveira abriu novo sorriso, antes de responder.
“Eu acho que é ser resiliente, não é? Sempre trabalhar e trabalhar para manter o mesmo nível. Os anos vão passando, mas continuamos aqui. Isso é bom sinal, mas também sei que há um grande apoio por trás de mim, tanto a minha família, como os amigos, como a minha equipa. E isso também me ajuda a poder trabalhar todos os dias de igual forma. E vão passando os anos e vou estando rodeado de pessoas bastante amáveis ao meu lado”, destacou.
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