Iúri Leitão e Rui Oliveira tornaram-se hoje os primeiros campeões olímpicos portugueses numa modalidade que não o atletismo, elevando o ciclismo ao ‘Olimpo’ com o triunfo no madison em Paris2024.
Quarenta anos após Carlos Lopes conquistar o primeiro ouro olímpico em Los Angeles1984, na maratona, prova que fez também Rosa Mota entrar no ‘Olimpo’ quatro anos depois, em Seul1988, Leitão, já vice-campeão no omnium, e Oliveira tornaram-se os primeiros campeões olímpicos portugueses fora do atletismo, juntando-se ainda a Fernanda Ribeiro, nos 10.000 metros, em Atlanta1996, e Nélson Évora (Pequim2008) e Pedro Pablo Pichardo (Tóquio2020), ambos no triplo salto.
Até hoje, a história olímpica lusa, que começou a escrever-se em 1912, em Estocolmo, na Suécia e que foi protagonizada por mais de oito centenas de atletas, contava apenas com ouros no atletismo, uma realidade que o título dos ciclistas lusos veio mudar.
Foi preciso esperar por Los Angeles1984 para Portugal celebrar o primeiro ouro olímpico: naquele quente 12 de agosto, Carlos Lopes venceu a maratona em 02:09.21 horas, que perduraram durante 24 anos, mais concretamente até Pequim2008, como recorde dos Jogos.
Depois da prata nos 10.000 metros em Montreal1976 e da ausência em Moscovo1980, devido a lesão, o atleta, agora com 77 anos, sabia bem o que queria daqueles que seriam os seus últimos Jogos e conseguiu-o com uma autoridade tal que entrou sozinho no estádio, podendo celebrar tranquilamente o seu feito.
Seria também a maratona a ‘proporcionar’ o segundo ouro à Missão portuguesa, com Rosa Mota a entrar no ‘Olimpo’ em Seul1988. Quatro anos antes, já tinha sido a primeira mulher portuguesa a subir ao pódio nuns Jogos Olímpicos, ao ser terceira na primeira maratona feminina.
A melhor geração de fundistas de sempre do atletismo português ficou ‘plasmada’ na história olímpica e só conheceu sucessão em Atlanta1996, quando Fernanda Ribeiro venceu os 10.000 metros, com uma arrancada final insuperável que lhe valeu então o recorde olímpico.
O quarto ouro para Portugal chegou 12 anos depois, no atletismo também, mas numa disciplina técnica, quando Nélson Évora saltou para o título olímpico do triplo salto em Pequim2008, com um ‘voo’ de 17,67 metros.
Évora era então campeão mundial do triplo salto, ao contrário de Pedro Pichardo, que primeiro conquistou o ouro nos Jogos: num Estádio Olímpico de Tóquio vazio, devido à pandemia de covid-19, Pichardo confirmou não ter rival e venceu com 17,98 metros, deixando o segundo classificado, o chinês Yaming Zhu, a 41 centímetros, e o terceiro, Huges Fabrice Zango, a 51.
Nos seus primeiros Jogos por Portugal, Pichardo, nascido em Cuba, conquistou o quinto ouro olímpico na história nacional, perpetuando a senda de títulos no atletismo.
“Casualidade das casualidades, não me pergunte porquê”, refletiu Carlos Lopes em entrevista à Lusa, antes do início de Paris2024, quando questionado sobre a ‘exclusividade’ do atletismo na galeria de campeões olímpicos nacionais.
A premissa do primeiro campeão olímpico português estava certa e, hoje, 40 anos depois de Lopes inaugurar o pecúlio nacional, o atletismo deixou de estar sozinho nesta lista particular.
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