A União Europeia (UE) pediu à China uma "prova verificável" da liberdade de circulação da tenista Peng Shuai e uma “investigação completa e transparente" às alegações de abuso sexual que denunciou, disse hoje uma porta-voz em Bruxelas.
"Vimos as declarações atribuídas a Peng Shuai e as imagens da sua aparição pública. Contudo, a informação sobre as alegações de abuso e o facto de ela não ter sido vista durante 15 dias continuam a ser muito preocupantes", escreveu a porta-voz diplomática da UE Nabila Massrali numa mensagem à agência de notícias France-Presse (AFP).
"Não estamos em posição de comentar as alegações em si, mas apelamos para uma investigação completa e transparente", disse.
Em resposta ao apelo da China para que o caso não seja politizado, Massrali disse que os “pedidos de informação de informação fiável são legítimos”.
"Continuamos a pedir ao Governo chinês que forneça provas independentes e verificáveis do seu bem-estar e do seu paradeiro. Esperamos que ela possa em breve retomar as suas atividades desportivas e não desportivas normais", acrescentou.
Peng Shuai, 35 anos, campeã em pares do Torneio de Roland Garros em 2014, publicou uma mensagem na rede social chinesa Weibo, no início de novembro, sobre a sua relação com o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli, de 75 anos.
Peng acusou o alto quadro do Partido Comunista Chinês, que se reformou em 2018, de a ter forçado a ter relações sexuais há três anos.
O texto foi retirado pouco depois de ser publicado e a tenista deixou de ser vista.
Muitas estrelas mundiais do ténis, desde Chris Evert a Novak Djokovic, e vários países ocidentais, incluindo a França e os Estados Unidos, apelaram a Pequim para esclarecer o destino de Peng.
A atleta reapareceu no passado fim de semana, num restaurante de Pequim e num torneio de ténis na capital chinesa, de acordo com vídeos publicados pelos meios de comunicação oficiais.
No domingo, falou também através de videoconferência com o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.
Segundo o COI, Peng Shuai explicou que estava "sã e salva em sua casa em Pequim, mas que gostaria que a sua privacidade fosse respeitada".
A Associação de Ténis Feminino (WTA), órgão que supervisiona o circuito profissional feminino, mostrou ceticismo em relação a estas "provas de vida" oficiais e ameaçou retirar os seus negócios da China se o regime chinês não esclarecer as acusações de Peng.
O caso continua a ser um tabu na imprensa oficial e nas redes sociais na China.
Na terça-feira, o representante da UE em Pequim, Nicolas Chapuis, lamentou "o muro de silêncio observado no lado chinês".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu, na terça-feira, que se pare de politizar o caso.
“Acho que algumas pessoas deviam parar de usar deliberadamente esta questão para fins hostis e, especialmente, transformá-la numa questão política”, disse o porta-voz Zhao Lijian, em conferência de imprensa.
Anteriormente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China tinha recusado comentar o caso, alegando que não era uma questão diplomática.
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