O Grupo de Apoio ao Tibete em Portugal solicitou na terça-feira um boicote diplomático do Presidente da República aos Jogos Olímpicos de Inverno 2022, marcados para Pequim, devido às “gravíssimas violações de direitos humanos por parte da China”.
Numa carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa a que a agência Lusa teve acesso, este grupo referiu que “a presença de líderes mundiais e diplomatas” naquele evento desportivo “colocará os respetivos governos na situação de serem encarados como cúmplices do plano chinês de branquear desportivamente os abusos de direitos humanos”.
“Apelamos a que não se desloque a Pequim (…) nem envie qualquer representante. Por favor, diga não”, pode ler-se.
Esta organização não-governamental (ONG) pediu que se recorde das pessoas detidas em campos de concentração, esterilizadas, torturadas e assassinadas, das pessoas tibetanas, uigures, da Mongólia do Sul, de Hong Kong e Taiwai e ainda das pessoas que praticam Falun Gong, dos muçulmanos Hui e dos cristãos chineses.
No comunicado enviado às redações, a ONG explicou que a iniciativa surge no contexto de uma campanha internacional que visa o boicote diplomático ao evento agendado para fevereiro de 2022, e que além da carta a Marcelo Rebelo de Sousa, missivas semelhantes serão enviadas na quarta-feira ao primeiro-ministro, António Costa, e ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
A ONG lembrou que em julho o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que instava os dirigentes europeus a “recusar o convite para assistir aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022”.
E referiu que, tal como em 2008, o Comité Olímpico Internacional (COI) tentou “conter as preocupações manifestadas e relativas aos abusos de direitos humanos pela China, afirmando que os Jogos terão um impacto positivo nesse campo”.
“Acontecimentos subsequentes vieram demonstrar a esperança perdida nas intenções do COI, já que o Governo chinês, repetidamente, quebrou as promessas realizadas e que lhe garantiram o direito de ser o anfitrião dos Jogos, sem ter sido de alguma forma responsabilizado, tanto pelo COI, como pela comunidade internacional”, atirou.
O Grupo de Apoio ao Tibete em Portugal acusou as autoridades chinesas de “rotineiramente fazerem desaparecer pessoas críticas do Governo, feministas e académicos”.
E lembrou o “caso mais recente” da tenista chinesa Peng Shuai, desaparecida desde que denunciou um ex-alto funcionário do governo.
A ONG frisou ainda que o Governo chinês declarou publicamente que os Jogos Olímpicos de Inverno 2022 serão “abertos e inclusivos” e promoverão o “progresso social”, tal como fez quando organizou os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, mas salientou que para as pessoas “que vivem sob o domínio opressor da China a vida diária é tudo menos isso”.
“O seu quotidiano é marcado por uma repressão implacável ao nível dos direitos e liberdades tanto individuais como coletivas, um ataque total à diversidade cultural e uma rutura da coesão existente entre a comunidade através de métodos sofisticados de vigilância e controlo”, alertaram.
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