O ‘breaking’ ser selecionado para participar nos Jogos Olímpicos Paris2024 vai permitir dar “maior visibilidade” à modalidade, principalmente junto das futuras gerações e vai oferecer “mais saídas profissionais”, disseram à Lusa alguns atletas.
"Os Jogos Olímpicos podem ser uma nova plataforma para realização das carreiras dos atletas de ‘breaking’, criando mais saídas profissionais, seja como júris, treinadores, ou outros", disse em entrevista à Lusa Bruce Almighty, de 29 anos, um possível candidato português de ‘breaking’ para participar na Missão de Portugal a Paris2024.
Natural da Sibéria, mas com nacionalidade russa e portuguesa por ter vivido vários anos em Portugal, Bruce Almighty (O Todo-Poderoso), considera que saber que a modalidade que pratica foi selecionada para poder participar nos Jogos em Paris significa que, por um lado, as próximas gerações vão ter “mais respeito” pela cultura do ‘breaking’ e, por outro lado, a modalidade vai “conseguir chegar a todo o mundo”.
“Vai dar mais seriedade e trazer mais profissionalismo” à modalidade, conclui o atleta que já venceu a ‘Battle of the Year’ em 2016 e foi finalista da prova ‘Red Bull BC One World Finally’, e que define o seu estilo de dança “divertido” e como “momentos de comédia”.
Em entrevista telefónica à agência Lusa, a partir de Londres, Vanessa Farinha, 29 anos, natural de Leiria, a viver atualmente em Londres (Reino Unido), também é atleta de ‘breaking’, e conta que saber que a modalidade que pratica foi selecionada recentemente para poder participar nos Jogos Olímpicos Paris2024 vai “ajudar a dar maior visibilidade” àquele desporto junto dos mais novos.
“Acho que vai ser muito bom para as futuras gerações. A modalidade vai ser revelada ao mundo inteiro e vai dar uma maior visibilidade a uma arte que muitas vezes é entendida como apenas um grupo de pessoas que dança na rua a limpar o chão. A arte, dança e cultura do ‘breaking’ vão ganhar mais respeito mundial e vai ter um grande impacto mesmo junto dos ‘outsiders’”, considera a atleta.
Vanessa Farinha, vencedora da prova “Red Bull BC One 2019” e para quem o ‘breaking’ é uma espécie de "guia espiritual para a vida", pois é através dele que as palavras “luta, revelação e objetivos” ganharam significado, conta que treina três vezes por semana, e que um dos seus sonhos é criar um programa de treinos específicos de ‘breaking’ só para raparigas, para que elas tenham uma “ajuda e apoio específico”.
Max Oliveira, 41 anos, fundador do Momentum Crew, primeiro grupo de dança urbana em Portugal e com a qual já ganhou várias competições europeias e mundiais, também considera que o ‘breaking’ ser considerado um desporto a incluir nos Olímpicos de Paris2024 vem trazer “mais oportunidades” e dar “mais visibilidade” e “mais opções”, especialmente às gerações futuras.
“Há muitas pessoas que se preocupam com a desvirtualização da parte cultural e da mensagem e da essência do ‘breaking’, mas não têm que se preocupar, porque isso não vai deixar de existir. Os eventos culturais vão cimentar os valores da cultura em si. Como modalidade desportiva é mais um caminho, é mais uma opção que os ‘bboys’ e ‘bgirls’ que podem ter no futuro”, defende.
Para o ‘bboy’ português, que já venceu a "Battle Pro World Championship 2016", as gerações futuras vão ser as maiores beneficiadas do trabalho que se está a fazer nos últimos anos em prol do ‘breaking’.
“Eles sim vão poder colher frutos e vão poder optar, coisa que até agora todos os ‘bboys’ e ‘bgirls’ não tinham outra opção senão trabalhar apenas no meio cultural”, assinala.
Segundo Max Oliveira há neste momento “três atletas portugueses que estão com resultados que permitem estar na elite de atletas mundiais para ingressarem nos Jogos Olímpicos”, que são Vanessa Farinha, Deeogo e Bruce Almight.
Contudo, salienta, que daqui a “um ano ou dois anos” possam estar “outros portugueses ao nível da elite para alcançarem a presença nos Jogos Olímpicos Paris2024”.
“Vai estar em curso o processo de seleção e de competição constante”, concluiu.
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