A W52-FC Porto renunciou à intenção de inscrever-se como equipa continental para a próxima temporada, numa carta endereçada ao presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) a que a Lusa teve acesso.
“Adriano Teixeira de Sousa, na qualidade de Presidente da Direção da Associação Calvário Várzea Clube de Ciclismo (Quintanilha) na sequência das pendências de processos que correm trâmites nas entidades competentes, cujo tempo de decisão não é possível determinar e precavendo o melhor benefício do próprio ciclismo, vem por este meio solicitar a Vossa Excelência que não seja prosseguida a intenção de constituir a equipa profissional continental W52–FC PORTO 2023”, lê-se na carta enviada a Delmino Pereira.
Num nota, a equipa informou também que comunicou hoje à FPC “a desistência da sua candidatura a equipa continental em 2023”.
“A Calvário Várzea Clube de Ciclismo agradece a sensibilidade e a compreensão de todos os seus parceiros, nomeadamente a W52 e o Futebol Clube do Porto, que acolheram favoravelmente esta decisão e, também, a sugestão de continuarem a apoiar o ciclismo em 2023 através de novos projetos e de uma estrutura totalmente renovada que contribua para o desenvolvimento do ciclismo, a defesa dos valores do desporto e assuma um compromisso de responsabilidade social”, acrescenta a nota, assinada por Adriano Sousa.
Em 05 de outubro, um dia depois de sete ciclistas da W52-FC Porto terem sido suspensos pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), a FPC revelou ter adiado a decisão quanto à candidatura daquela estrutura ao estatuto de equipa continental em 2023, depois de ter solicitado “novos dados” à União Ciclista Internacional (UCI).
No final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação ‘Prova Limpa’, a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.
Na operação policial, “foram apreendidas diversas substâncias e instrumentos clínicos, usados no treino dos atletas e com impacto no seu rendimento desportivo", detalhou então a Polícia Judiciária.
João Rodrigues, vencedor da Volta a Portugal de 2019 e da Volta ao Algarve de 2021, foi o ciclista que recebeu uma sanção mais pesada: o algarvio de 27 anos vai cumprir sete anos de suspensão, quatro dos quais impostos pela UCI, por anomalias no passaporte biológico, e outros três anos pela ADoP, por “posse de método proibido”.
Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respetivamente, foram sancionados por três anos, por “posse de substância proibida e método proibido”, o mesmo motivo evocado pela ADoP para suspender por igual período Ricardo Vilela, Daniel Mestre, José Neves e Samuel Caldeira.
Vinhas e Daniel Mestre, vencedor da classificação por pontos da Volta 2019, foram castigados por posse de betametasona (um corticoide), enquanto José Neves, campeão nacional de fundo em 2021 e vencedor do Grande Prémio Douro Internacional esta época, Ricardo Mestre e Ricardo Vilela estavam na posse de hormonas de crescimento.
Tal como Mestre e Vilela, também Samuel Cadeira, que era o ‘capitão’ da equipa na estrada, tinha em seu poder somatropina e hormona de crescimento, além de insulina.
A ADoP reduziu a suspensão dos sete ciclistas de quatro para três anos por terem “confessado”, ao contrário do que aconteceu com Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães, assim como com quatro elementos do ‘staff’ da equipa, incluindo Nuno Ribeiro – todos eles suspensos preventivamente por aquele organismo -, cujos processos continuam a decorrer, indicou à Lusa fonte ligada ao processo.
Amaro Antunes, tricampeão da Volta (2017, 2020 e 2021), é o único dos ciclistas ligados à W52-FC Porto durante a temporada de 2022 que não foi suspenso, e tinha mesmo um acordo assinado para representar a equipa no próximo ano.
*artigo atualizado às 14h12 com mais informações
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