Uma INEOS ‘reforçada’ com Geraint Thomas e o regresso do ‘estelar’ Remco Evenepoel tornam uma ‘miragem’ o desejo de João Rodrigues em defender o ‘cetro’ na 48.ª Volta ao Algarve em bicicleta, que arranca na quarta-feira.
Ninguém retira mérito ao feito histórico do ciclista da W52-FC Porto, que em maio passado se tornou o primeiro algarvio a conquistar a prova e o primeiro português a fazê-lo em 15 anos, mas o vencedor da Volta a Portugal de 2019 estará ciente de que aquele triunfo só foi possível por uma conjugação perfeita de circunstâncias dificilmente repetíveis este ano.
Quer seja pelo desenho do percurso, com um contrarrelógio demasiado longo (32,2 quilómetros) para as suas características, quer seja pelos nomes imponentes presentes na lista de inscritos, reflexo do regresso da ‘Algarvia’ às suas datas habituais – em 2021, decorreu no auge da época velocipédica internacional, coincidindo, por exemplo, com a Volta a Itália -, é praticamente impensável apostar no ‘bis’ do melhor ciclista luso a correr em Portugal.
Até porque, a haver um ‘bis’, o mais provável é que este seja de Remco Evenepoel, o ‘prodígio’ que tomou a Volta ao Algarve de assalto em 2020, num ano em que ganhou todas as provas em que participou até sofrer uma queda grave na Volta à Lombardia, a qual parece ter ‘travado’ a sua ascensão fulgurante – desde que fraturou a pélvis, o jovem de 22 anos nunca mais foi tão avassalador como nos seus inícios.
Mas, o belga da Quick-Step Alpha Vinyl não é o único antigo vencedor que está de volta à ‘Algarvia’: também o galês Geraint Thomas, que deslumbrou na prova em 2015 e 2016, na sua ascensão até sagrar-se vencedor do Tour2018, regressa ao Sul do país, integrando uma INEOS com Ethan Hayter, o vice-campeão do ano passado, Michal Kwiatkowski, vencedor em 2018 e 2014, e Thomas Pidcock, campeão olímpico de ‘cross country’ e recente campeão mundial de ciclocrosse.
A fortíssima formação britânica é a principal favorita à vitória final, sobretudo pelo ‘excessivo’ número de quilómetros do contrarrelógio, mas há outras figuras a ter em conta, como o norueguês Tobias Foss (Jumbo-Visma), nono classificado do Giro2021 e vencedor da Volta a França do futuro em 2019, ou o suíço Stefan Küng (Groupama-FDJ), o campeão europeu de contrarrelógio, que se faz acompanhar pelo talentoso francês David Gaudu.
Entre os destaques da prova algarvia estão ainda o norte-americano Brandon McNulty, companheiro dos gémeos Rui e Ivo Oliveira na UAE Emirates – os dois juntam-se a André Carvalho (Cofidis) e Iúri Leitão (Caja Rural) como ‘emigrantes’ lusos inscritos na corrida –, o espanhol Ion Izagirre (Cofidis) e o francês Warren Barguil, ‘rei’ da montanha do Tour2017.
Mas, nem só de candidatos à geral vive a 48.ª edição da principal prova velocipédica disputada em Portugal, pois também os ‘sprinters’ (e de qualidade) vão fazer a sua aparição, com o ‘renascido’ neerlandês Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl), vencedor da classificação por pontos da última Vuelta, a encabeçar um contingente no qual pontificam Tim Merlier (Alpecin-Fenix), Pascal Ackermann (UAE) e Bryan Coquard (Cofidis), aos quais se junta Mads Pederson (Trek-Segafredo), campeão mundial em 2019.
As 10 equipas portuguesas – há 25 inscritas, 10 das quais do WorldTour, o principal escalão - podem sonhar ‘apenas’ com o epíteto de animadores de etapa, tendo cinco tiradas, distribuídas por 798,1 quilómetros, entre Portimão e o alto do Malhão, onde no domingo termina a 48.ª edição, para demonstrar o seu valor.
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