
Jonas Vingegaard sucedeu hoje a Remco Evenepoel no palmarés da Volta ao Algarve em bicicleta depois de ‘arrasar’ a concorrência no contrarrelógio até ao alto do Malhão, onde João Almeida subiu ao pódio como segundo classificado.
As notícias sobre a debilidade do dinamarquês da Visma-Lease a Bike após a chegada à Fóia foram manifestamente exageradas, com o bicampeão do Tour (2022 e 2023) a dar hoje uma demonstração de autoridade para ganhar a etapa, à frente do colega belga Wout van Aert, e a geral individual, esta diante do português da UAE Emirates, visivelmente desiludido no final.
“Fiz o que consegui, o adversário foi mais forte”, resumiu Almeida, que acredita que não podia ter feito um contrarrelógio melhor – foi sexto, a 31 segundos do vencedor, e acabou a 15 segundos do dinamarquês na classificação final.
Vingegaard esteve hoje ao nível que dele se espera para manter a tradição de vencer a prova com que arranca a época: pedalou a uma média de 41,384 km/h para cumprir os 19,6 quilómetros da semi-cronoescalada ao ponto mais alto de Loulé em 28.25 minutos, tirando 11 segundos ao tempo de Van Aert. Em terceiro ficou o promissor italiano Antonio Tiberi (Bahrain Victorious), que gastou mais 15 segundos do que o vencedor.
A grande surpresa acabou por ser o belga Laurens de Plus (INEOS), que segurou o terceiro lugar da geral, acabando a 24 segundos de Vingegaard, numa jornada para esquecer para a UAE Emirates: o camisola amarela Jan Christen caiu para 10.º da geral e o luso António Morgado nem no top 10 ficou, descendo sete lugares, para 11.º
Num dia com tantos motivos de interesse, nomeadamente as desistências de Biniam Girmay (Intermarché-Wanty) e Arnaud de Lie (Lotto), os sprinters que já nem quiseram desgastar-se no ‘crono’, a performance de Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) acabou por dececionar, com o campeão de 2017 a ser apenas 12.º na etapa e a terminar no oitavo lugar da geral, à frente de Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek).
O inédito contrarrelógio até ao alto do Malhão foi a única etapa verdadeiramente decisiva desta edição da ‘Algarvia’, pautada por várias falhas organizativas e até por alguma ausência de espetáculo, que ficou reservado para o derradeiro dia.
As mudanças sucessivas na liderança ‘virtual’ da última etapa acabaram quando Wout van Aert chegou: medalha de bronze no contrarrelógio dos Jogos Olímpicos Paris2024, o belga da Visma-Lease a Bike cumpriu os 19,6 quilómetros entre Salir e o alto do Malhão em 28.36 minutos.
Nem especialistas consagrados como Filippo Ganna (INEOS), o vice-campeão olímpico, ou Stefan Küng (Groupama-FDJ) conseguiram bater o tempo de ‘WVA’, mais explosivo e resistente à montanha (após 17 quilómetros essencialmente técnicos, havia 2,6 a subir com uma pendente média de inclinação de 9,2%) do que os seus adversários.
Mas o lugar preferencial de Van Aert é o segundo e o seu companheiro Vingegaard a ele o ‘condenou’, com o belga a despedir-se do Algarve sem qualquer etapa conquistada e sem subir ao pódio final, onde, por outro lado, esteve o seu compatriota Jordi Meeus (Red Bull-BORA-hansgrohe), o vencedor da classificação por pontos.
Numa nota mais nacional, o argentino Nicolás Tivani deu uma alegria ao Aviludo-Louletano-Loulé, ao conquistar a camisola da montanha, com o retrato final da 51.ª ‘Algarvia’ a incluir ainda o francês Romain Grégoire (Groupama-FDJ), o quarto da geral que foi o vencedor da juventude.
Comentários