Vincent Strubel, diretor geral da Agência Francesa de Cibersegurança (ANSSI), disse esta quarta-feira que os Jogos Olímpicos de Paris seriam um "alvo" por parte de países dispostos a "perturbar a cerimónia de abertura ou causar problemas nos transportes públicos".
O alerta de Strubel surge na sequência do adensamento das relações diplomáticas entre a França e a Rússia devido à guerra na Ucrânia.
Comentários do presidente francês Emmanuel Macron no mês passado, que sugeriam que tropas ocidentais poderiam ser enviadas para a Ucrânia, desencadearam a fúria em Moscovo, que tem sido culpada pelas autoridades francesas por campanhas passadas de desinformação e 'hacking'.
"Claramente, os Jogos Olímpicos vão ser um alvo. Estamo-nos a preparar para todos o tipo de ataques - tudo o que vemos diariamente, mas em maior quantidade e mais frequentes", disse Strubel à AFP em entrevista esta terça-feira.
Tal poderá incluir "ataques de estados que querem perturbar os Jogos porque não estão satisfeitos por um motivo ou outro, e que podem tentar perturbar a cerimónia de abertura ou causar problemas nos transportes públicos", disse Strubel à margem de um evento de cibersegurança em Lille.
O diretor da ANSSI acrescentou que os ataques cibernéticos patrocinados pelo estado eram um dos três principais perigos; os outros apontam para tentativas de extorsão por parte de cibercriminosos, assim como hackers "hacktivistas" que procuram causar problemas por diversão ou publicidade.
"Para mim, o pior cenário seria sermos inundados por ataques em pequena escala e não anteciparmos um ataque mais sério que visasse a infraestrutura crítica de transporte ou energia, fatores que desempenham um papel vital durante os Jogos", disse Strubel.
A empresa de telecomunicações japonesa NTT, que forneceu serviços de segurança informática nos Jogos Olímpicos de Tóquio, relatou 450 milhões de ataques cibernéticos individuais durante a última edição dos Jogos, o dobro daqueles ocorridos durante os Jogos Olímpicos de Londres de 2012.
Muitos desses foram ataques que paralisam os servidores que hospedam um site, assim como tentativas de 'hacking', e-mails fraudulentos, tentativas de 'phishing' ou sites falsos.
Serviços de inteligência militar russos foram acusados pelos Estados Unidos de lançar um 'malware' chamado "Destruidor Olímpico" pouco antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang de 2018 na Coreia do Sul, competição da qual os atletas russos foram banidos.
O 'malware' apagou dados de milhares de computadores que apoiavam os Jogos de Pyeongchang, tornando-os inoperáveis. Outros especialistas sugeriram que o sistema de bilhética eletrónica para os Jogos de Paris, ou as redes informáticas dos locais onde se vão realizar as provas podem ser alvos.
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