O Cova da Piedade vai “até às últimas instâncias” para obrigar a Liga de clubes de futebol a remarcar o encontro com o Estoril Praia, disse hoje à Lusa o diretor-geral do clube da II Liga.
O Cova da Piedade faltou ao jogo com o Estoril Praia devido a um surto de covid-19 no plantel e a Liga atribuiu a vitória aos ‘canarinhos’, por 3-0, mas o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) deliberou por unanimidade, na quarta-feira, que a falta foi “justificada” por um motivo de “força maior”, pelo que “inexiste qualquer materialidade com relevância disciplinar”.
Contactado pela Lusa, o diretor-geral do Cova da Piedade, Edgar Rodrigues, garantiu que o clube ainda não recebeu qualquer indicação da Liga no sentido de remarcar o encontro da oitava jornada e recordou que o organismo presidido por Pedro Proença agiu de forma diferente quando a pandemia de covid-19 afetou outros clubes.
“A única coisa que recebemos foi o CD a dar-nos razão, a dizer que não há sanção. Não pode haver, porque temos o Governo [autoridade de Saúde] a atestar que não podíamos ir a jogo. Porque é que na situação do Sporting e do Gil Vicente a Liga pôs-se no terreno para resolver e o Cova da Piedade é tratado de outra forma? É óbvio que não aceitamos e vamos até às últimas instâncias”, prometeu Edgar Rodrigues.
O dirigente dos ‘grenás’, de resto, insistiu várias vezes que “o jogo tem de ser remarcado” e acusou a Liga de “insensibilidade” e de estar a usar o clube numa “guerra de poderes” com o Governo.
“Nós não nos queremos meter nisto nem ser arma de arremesso. Convém que a direção da Liga comece a perceber que não pode atuar de forma unilateral e que tem de respeitar o Governo. Parece que não querem saber da saúde pública. Temos de seguir as regras da DGS, atestadas pelo Governo na pessoa da ministra da Saúde. A Liga decidiu ter uma postura de não respeitar e de entender e que deveria haver o jogo”, apontou o diretor-geral.
Ainda sobre a deliberação do CD, Edgar Rodrigues reforça que “o que diz é que não há lugar a sanção”, uma vez que o clube não se apresentou na Amoreira “por motivo de força maior” e que, como tal, “o jogo tem de ser remarcado”.
“O CD só vem dizer que temos razão. Qualquer pessoa vai olhar e ver que ninguém pode perder um jogo por motivo de força maior. Era a mesma coisa que irmos de autocarro, ele cair ao rio e nós perdermos o jogo”, comparou.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) considerou a ausência do Cova da Piedade injustificada e atribuiu a vitória e os três pontos correspondentes à equipa não faltosa no encontro com o Estoril Praia, que estava marcado para 30 de outubro, ao abrigo do número três do artigo 16.º do Regulamento de Competições (RC).
Este ponto do RC determina "a atribuição ao clube adversário dos três pontos correspondentes à vitória", nos casos de "falta de comparência não justificada de um clube a jogo oficial de uma competição por pontos".
A confirmação foi feita no dia em que o CD da FPF aceitou a justificação da ausência do Cova da Piedade, que no dia do encontro tinha o plantel em isolamento devido a casos de covid-19, por imposição das autoridades de saúde.
No dia do jogo, pelo menos 15 jogadores dos piedenses estavam infetados com o novo coronavírus e dois dos que tiveram resultado negativo no teste ao SARS-Cov-2 foram considerados como contactos de alto risco pela autoridade de saúde local, que, após a realização do inquérito epidemiológico, determinou a medida de isolamento para todo o plantel.
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