Bayern goleou, esta quarta-feira, o Benfica por 4-0 em partida a contar para a 3.ª jornada do grupo E da Champions, num resultado que não retrata o que se passou em campo. Os bávaros voltaram a demonstrar porque são das melhores equipas do mundo.
Era o teste dos testes. A equipa que ninguém quer enfrentar porque contra eles, todos (ou quase todos) estão mais próximos de perder.
Depois da receção ao Barcelona, era a vez do Benfica defrontar o todo o poderoso Bayern de Munique. O cartão de visita dos alemães é conhecido por todos: A máquina avassaladora a nível ofensivo que normalmente arrasa tudo o que lhe aparece pela frente: É assim na Champions e naturalmente ainda mais na Bundesliga, competição onde o Bayern é o crónico vencedor. Na liga milionária pertence ao grupo de restritos favoritos. É sempre um candidato e em todos os jogos na Champions demonstra o porquê. O Benfica conseguiu quase sempre dar boa réplica ao adversário, mas acabou por ver a muralha quebrada num livre de Sané - lance que acabou por desbloquear o jogo.
No grupo E, o Bayern era líder com seis pontos. O Benfica seguia na segunda posição, com um empate e uma vitória e olhado certamente com outros olhos, depois de ter deixado a Europa de boca aberta depois do triunfo folgado frente ao Barcelona.
As duas equipas só por uma vez tinham sido derrotadas esta temporada. O Benfica viu-se derrotado pelo Portimonense na 8.ª jornada da I Liga, depois de sete vitórias seguidas, enquanto o Bayern tinha perdido por 2-1 em casa frente ao Eintracht Frankfurt na 7.ª jornada da Bundesliga. Ainda assim, historicamente muito mais Bayern do que Benfica. Sete vitórias dos alemães contra três empates.
Naturalmente seria o desafio de maior grau de dificuldade que o Benfica iria encontrar esta época. Mais de 50 mil na Luz para o duelo da terceira jornada da Champions. No Bayern, a principal ausência foi mesmo a do treinador. Nagelsmann falhou a partida devido a um síndrome gripal. Dino Toppmöller e Xaver Zembrod assumiram assim a batuta da equipa na Luz.
Do lado do Benfica, uma mini-surpresa com a titularidade de André Almeida. Diogo Gonçalves ficou no banco, com Jesus a manter o esquema de três centrais. Rafa, Yaremchuk e Darwin como os homens mais adiantados dos encarnados.
Era uma das interrogações da noite: De que forma o Bayern iria sentir a ausência do treinador. Acabou por não fazer mossa - Os alemães jogam praticamente de olhos fechados e têm de tal forma rotinados os processos que a ausência do treinador não mexeu com a sua forma de jogar.
Face a este colosso, o Benfica tinha ser muito forte na circulação e eficaz no momento da finalização, já que não iria dispor de muitas oportunidades. Os encarnados tinham que marcar, porque uma coisa é certa: Este Bayern iria marcar.
O primeiro passo seria segurar o ímpeto inicial dos alemães, missão parcialmente cumprida pela equipa do Benfica até ao momento do primeiro golo. O Bayern começou, como sempre, a partida a todo o gás e o golo podia ter chegado logo à passagem do minuto 5´, num pontapé de Sané. Na sua forma de jogar, os bávaros tentavam condicionar o Benfica, atraindo os seus jogadores, com Muller a funcionar como terceiro médio.
A partir do minuto 10, a equipa encarnada tentou sacudir a pressão, explorando a velocidade de Rafa e Darwin. O primeiro lance de registo dos encarnados saiu dos pés do jogador português, que rompeu pela direita, solicitando Yaremchuk que cabeceou ao lado.
Mesmo com menos posse, o Benfica cresceu no jogo, mas sempre com critério na saída, tentando solicitar a velocidade dos seus homens explorando as costas do adversário, sobretudo do lado esquerdo onde morava Sule.
Mas no Bayern pontificam jogadores de muita qualidade. Coman, é praticamente imparável, e numa jogada perfeita aos 29´, tirou André Almeida pela frente e só foi contrariado por uma enorme defesa de Vlachodimos.
Só que o Benfica agigantou-se frente a este Bayern e à passagem da meia hora (32´) poderia ter chegado ao golo. Diagonal de Darwin, que aguentou a carga e rodopiou sobre Sule, disparando para grande defesa de Neuer.
A máquina ofensiva do Bayern é muito difícil de contrariar e Sané voltou a rondar a baliza do Benfica, num grande lance, na primeira vez que um jogador dos alemães teve espaço para progredir com superioridade numérica. Quase em cima do intervalo, Jesus via-se obrigado a mexer, com a entrada de Diogo Gonçalves e a saída de André Almeida.
Ainda antes do intervalo, Lewandowski desviou para dentro da baliza com o braço esquerdo, mas o lance acabou anulado pelo árbitro. Bayern com mais posse, mais oportunidades, mas sem a eficácia necessária para abrir o marcador na primeira parte. O Benfica a espreitou o golo e mostrou-se equilibrado face a um adversário mais dominador.
O início do segundo tempo foi de sufoco para os encarnados, com Pavard a atirar ao poste. Logo no lance a seguir, Muller também acertou no ferro, depois de solicitação de Sule, mas o lance foi anulado por fora de jogo.
Pouco depois, Muller atirou para o fundo da baliza, depois de uma jogada de antologia de Coman, na forma como deixou Diogo Gonçalves para trás, mas o lance foi anulado. Com os golos anulados ao Bayern e alguma ineficácia ficava no ar a sensação de que o Benfica poderia ganhar confiança, e numa transição eventualmente chegar à vantagem.
Diogo Gonçalves teve essa possibilidade, a meia hora do fim. Depois de uma grande jogada, tirou um adversário do caminho e atirou para uma extraordinária defesa e Neuer. Os encarnados ganharam uma nova alma - com Darwin, Rafa e Yaremchuk como os homens que poderiam fazer a diferença na frente. Era o melhor momento do Benfica, que voltou a aproximar-se do golo. Primeiro num pontapé de Diogo Gonçalves, depois de solicitação de Weigl. Depois foi Yaremchuk, numa grande arrancada, com o remate a tirar tinta à baliza de Neuer.
Mas a partir do minuto 70´tudo mudou. O Bayern disparou e marcou todas as oportunidades de que dispôs. Sané num golo extraordinário abriu o marcador na Luz na sequência de um livre. A entrada de Gnabry acabou por mexer com o jogo e os encarnados acabariam por sofrer mais três golos.
Ao minuto 80, Éverton fez autogolo, depois de um cruzamento de Gnabry. Até final, os alemães fizeram o que costumam fazer. Perante o adiantamento do Benfica, voltaram a não perdoar. Em nova jogada de ataque Gnabry fez a diferença, a bola sobrou para Sané que assistiu para o golo da ordem de Lewandowski para o 3-0.
A cinco minutos do final, Sané bisou e o resultado chegou aos 4-0. Cruzamento atrasado e o jogador dos alemães atirou para o fundo da baliza. O Benfica aguentou 70 minutos, não merecia sair da Luz com um resultado tão pesado, mas os alemães voltaram a ser a máquina trituradora do costume e lideram o grupo E com nove pontos. Encarnados mantêm os quatro. Faltou eficácia e mais criação ao Benfica para contrariar este Bayern de Munique.
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