Um erro de navegação a 30 quilómetros do final da 13.ª e penúltima etapa da 45.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno custou a vitória nos veículos ligeiros protótipos ao português Hélder Rodrigues (Can-Am).
O piloto natural de Sintra, que liderou durante grande parte dos 154 quilómetros cronometrados entre Shaybah e Al-Hofuf, na Arábia Saudita, fechou o dia na 10.ª posição, a 15.01 minutos do vencedor da categoria T3, o norte-americano Mitchell Guthrie (BFG).
“Hoje, foi um dia em que conseguimos andar ao nosso ritmo e liderámos até 30 quilómetros do final. Aí, o Gonçalo encontrou o wpm [ponto de passagem obrigatória] facilmente, mas eu segui o cap [direção] mal. São situações de corrida que acontecem. Faltam-nos corridas para estarmos ao mais alto nível. Foram cinco anos sem competição. Há oito meses eu era diretor na Honda e o Gonçalo era piloto de motas. Acho que estamos no bom caminho, mas necessitamos de mais corridas e tempo para estarmos todos os dias no topo”, revelou Helder Rodrigues no final da etapa.
Assim, Ricardo Porém (Yamaha) foi o melhor português, na quarta posição final, a 06.26 minutos do vencedor.
“Quando arrancámos para este Dakar, trazíamos objetivos de terminar no ‘top 5’. A primeira semana foi madrasta e acabou por nos atrasar um pouco, retirando-nos do objetivo principal. Não desistimos e, nesta segunda semana, estamos a provar que tínhamos condições para cumprir o nosso objetivo inicial”, frisou o piloto de Leiria, de 33 anos.
João Ré, que navega o saudita Saleh Alsaif (Can-Am), foi o sexto mais rápido, enquanto João Ferreira (Yamaha) teve um problema elétrico e voltou a atrasar-se.
“Acredito que tudo o que nos tem acontecido faz parte de um processo de aprendizagem. Sabíamos de antemão que estávamos perante um Dakar duríssimo e o que temos conseguido de positivo já nos deixa extremamente orgulhosos. Os pontos menos bons só nos motivam a fazer mais e melhor”, disse o atual campeão nacional de todo-o-terreno.
Na geral, João Ré é sexto, a 04:11.52 horas do comandante, o norte-americano Austin Jones (BFG). Ricardo Porém subiu ao 12.º lugar, Hélder Rodrigues é 27.º e João Ferreira é 37.º, a quase 124 horas de distância (tempo que inclui 96 horas de penalização).
Nos T4 (veículos ligeiros derivados de série), Pedro Bianchi Prata, que navega o brasileiro Bruno Oliveira (Can-Am), foi 19.º, a 28.49 minutos do vencedor, o polaco Eryk Goczal (Can-Am). Fausto Mota, que navega o brasileiro Cristiano Batista (can-Am), foi 38.º e Paulo Oliveira (Can-Am) o 39.º.
Na geral, Bianchi Prata é, agora, sexto classificado, a 03:06.33 horas do comandante, o lituano Rokas Baciuska (Can-Am).
Nos automóveis, o dia foi de recorde para o francês Sébastien Loeb (HRX), que venceu a sexta etapa consecutiva, feito inédito na história do Dakar, sétima na edição deste ano. Desde 2011, com o espanhol Carlos Sainz, que um piloto não vencia tantas etapas na mesma edição.
“É incrível, apesar de o recorde não ser necessariamente o meu objetivo. Pretendia consolidar o segundo lugar”, explicou o piloto natural da Alsácia.
Loeb cumpriu os 154 quilómetros cronometrados de hoje, entre Shaybah e Al-Hofuf, na Arábia Saudita, em 02:26.17 horas, deixando o segundo classificado, o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota), a 05.28 minutos, e o sueco Mattias Ëkstrom (Audi) em terceiro, a 06.31.
Este foi o 23.º triunfo de Loeb na competição, em sete participações, mas continua a ser Nasser Al-Attiyah a liderar, com 01:21.42 horas de vantagem para o francês, que cedeu muito tempo nas primeiras etapas devido a furos e problemas mecânicos.
O qatari, que venceu em 2011, 2015, 2019 e 2022, procura o quinto triunfo na prova.
Domingo disputa-se a derradeira etapa, entre Al-Hofuf e Dammam, com 136 quilómetros cronometrados.
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