O central Filip Cveticanin, filho de um nome sonante do andebol sérvio há longos anos radicado em Portugal, Vladimir Cveticanin, é um dos valores emergentes da nova vaga do voleibol português e pilar indiscutível da seleção.

O selecionador Hugo Silva entregou a Filip Cveticanin, de 20 anos, a responsabilidade de zelar pelo centro da rede, e a ascensão meteórica do jogador, bem como a sua margem de progressão, despertou já a atenção do campeão Benfica, que oficializou a sua contratação ao Castêlo da Maia.

Há cerca de sete anos, o que começou por ser mais uma experiência desportiva por sugestão de um colega de turma, que desafiou Filip Cveticanin a treinar nas camadas jovens do voleibol do Gueifães, após o clube em que praticava polo aquático ter acabado, acabou por se transformar numa opção de vida.

"O meu pai [Vladimir] sempre me apoiou imenso, independentemente da modalidade. Nunca me tentou impor o andebol, muito pelo contrário. Disse para eu escolher e praticar o que eu gostasse. E foi o que fiz", disse Filip Cveticanin.

Quando questionado se a opção do voleibol não foi uma ‘traição’ ao andebol, dado que tanto o pai Vladimir como a mãe Jasna eram praticantes, Filip Cveticanin sorriu e disse que não. "Até cheguei a fazer alguns treinos, mas a minha mãe, que teve algumas lesões graves, tinha medo que eu me aleijasse".

"Cheguei a casa e disse que ia treinar voleibol e ele [Vladimir] disse para eu ir, que por ele estava bem, desde que eu gostasse, que isso é que lhe interessava. Aceitou com tranquilidade", explicou Filip, apontando que o desporto é sempre tema de conversa à mesa.

A compleição física de Filip Cveticanin, com quase 1,90 metros aos 14 anos, foi um dos principais argumentos para se impor nas camadas jovens do Gueifães e despertar o interesse do selecionador português de cadetes de então, o cubano José Rojas.

Em apenas três anos, impressionado pela prestação no Torneio Navidad, em Guadalajara, em Espanha, o treinador Rui Silva levou-o para o Castêlo da Maia. Com 17 anos, Cvet, como é conhecido no meio, estreou-se na I Divisão e pôde ainda somar minutos de jogo ao longo do campeonato.

O segundo mais novo jogador da seleção portuguesa, superado apenas pelo benjamim Lourenço Martins, também de 20 anos, tem consciência de que tem ainda "muito para escalar" em termos de aprendizagem, mas acredita que está no bom caminho.

As suas referências no voleibol são todos os centrais das principais seleções mundiais, mas, em especial, os sérvios Srecko Lisinac, Marko Podrascanin e Dragan Stankovic, que um dia gostaria de defrontar ou de ter como colegas de equipa.

O futuro imediato de Filip Cveticanin, concluída a participação de Portugal no grupo 2 da Liga Mundial, passa pelo campeão nacional Benfica, que anunciou já a sua contratação na página oficial.

"E um desafio novo. Vou para uma equipa que é diferente de todas as outras, quer ao nível da sua estrutura como de instalações. O ritmo de treino é também maior e é um passo para eu poder evoluir ainda mais", considerou.

O pai do central, Vladimir Cveticanin, campeão mundial de juniores pela Jugoslávia em 1991, chegou a Portugal em 1994 oriundo do Estrela Vermelha para representar o Marítimo.

Permaneceu na Madeira durante duas temporadas, ajudando os ‘verde-rubros’ a regressar à I Divisão logo na sua primeira época e aí conheceu Jasna, também andebolista, mãe de Filip.

Em 1996/97, foi contratado pelo Sporting, emblema com o qual conquistou uma Taça e uma Supertaça, após o que regressou à Madeira, desta vez para representar a recém-criada Madeira SAD, que teve como base o Académico do Funchal.

Em 2000/2001, Cveticanin ingressou no Águas Santas, sagrando-se o melhor marcador da fase regular, com 155 golos, e na temporada seguinte conquista nova Taça de Portugal pelos maiatos.

Vladimir Cveticanin teve ainda uma fugaz passagem pelo AC Fafe, em 2003/04, formando com Viktor Tchikoulaev e Eduardo Salgado uma poderosa primeira linha, ainda antes de, representando na temporada seguinte, o Académico de Águeda.

Em 2007, Cveticanin regressou definitivamente ao Águas Santas, clube no qual terminou a carreira, e no qual ainda hoje exerce funções técnicas e administrativas.