O presidente da Associação de Ténis Feminino (WTA), Steve Simon, admitiu na quinta-feira à CNN estar disposto a suspender as competições na China se o desaparecimento da tenista Peng Shuai não for investigado de forma completa e adequada.

“Estamos totalmente preparados para retirar [da China] todas as nossas atividades e enfrentar as complicações que surgirem”, disse o presidente da WTA, organismo que tutela o circuito de ténis profissional feminino.

Steve Simon, que já tinha demonstrado preocupação pela incerteza do paradeiro e segurança de Peng Shuai, após esta ter acusado um antigo vice-primeiro-ministro chinês de violação, frisou que “as mulheres devem ser respeitadas e não censuradas”.

A preocupação em torno da segurança de Peng Shuai cresce internacionalmente depois do seu desaparecimento, logo após esta ter acusado uma ex-autoridade do seu país de abuso sexual, apesar de a imprensa estatal chinesa ter divulgado uma carta atribuída à atleta em que garante estar bem.

“Não estou desaparecida. As alegações de abusos sexuais não são verdadeiras. Estou a descansar em casa e estou bem. Obrigado pela sua preocupação”, lê-se na mensagem da tenista chinesa, supostamente dirigida a Steve Simon.

O caso Peng Shuai remonta a 02 de novembro, quando a jogadora, de 35 anos e número 189 no mundo, denunciou a suposta violação de Zhang Gaoli, de 75, que foi vice-presidente chinês entre 2012 e 2017, por meio do seu perfil na rede social Weibo.

A tenista, que venceu 23 títulos de pares femininos, entre os quais Wimbledon, em 2013, e Roland Garros, em 2014, acusou o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de, há três anos, a ter forçado a ter relações sexuais.

Na mesma publicação, que foi retirada da rede social chinesa Weibo, Peng Shuai admitiu ter tido relações sexuais com o governante uns anos antes do incidente e que, na ocasião, tinha sentimentos por Zhang Gaoli.

Entretanto, após várias vezes questionados, os porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China disseram desconhecer completamente o caso, que se recusaram a comentar, argumentando que não se tratava de uma questão diplomática.