França vai tentar impedir que a Irlanda se torne na primeira seleção de sempre a vencer três vezes consecutivas o Seis Nações em râguebi, mas o torneio de 2025 ‘promete’ ser dos mais imprevisíveis dos últimos anos.

Para isso, os ‘gauleses’, que dão o pontapé de saída da competição na sexta-feira, contra o País de Gales, contam com o regresso da sua ‘estrela’ Antoine Dupont, após a bem-sucedida ‘aventura’ na variante de ‘sevens’.

A medalha de ouro conseguida pelo médio de formação nos Jogos Olímpicos de Paris2024, após uma pausa programada no ‘quinze’ para se dedicar inteiramente ao objetivo, pode servir de inspiração ao grupo que tem, no entanto, de contrariar um calendário pouco ‘simpático’.

Após a partida de abertura do torneio das Seis Nações 2025, a equipa orientada por Fabien Galthié só volta ao conforto do lar na última jornada, quando receber a Escócia, no encontro que encerra a competição e que os franceses esperam que seja de consagração.

Se vencerem o torneio num ano que inclui visitas a Inglaterra (segunda jornada) e à Irlanda (quarta jornada), sem esquecer a Itália, pelo meio, que no ano passado conseguiu um ‘chocante’ empate (13-13) em Villeneuve-d’Ascq, os ‘bleus’ darão, efetivamente, uma demonstração de força a toda a concorrência no início da caminhada rumo ao grande objetivo de Dupont e de toda a sua geração: o Mundial de 2027.

Enquanto isso, a Irlanda, que se refugiou durante a última semana no ‘calor’ do Algarve para atacar o inédito ‘tri’, parece ter entrado numa curva descendente, iniciada com a eliminação nos quartos de final do Mundial em 2023, que nem o título do Seis Nações em 2024 consegue disfarçar.

As 17 vitórias consecutivas e a liderança do ‘ranking’ mundial antes do Campeonato do Mundo de 2023 são, agora, uma mera memória e o conjunto liderado por Andy Farrell também enfrenta o ‘handicap’ de 2025 ser ano de três viagens.

Os irlandeses visitam a Escócia na segunda jornada, o País de Gales na terceira e a Itália na quinta, mas a seu favor joga o facto de defrontarem os dois principais concorrentes em casa: a Inglaterra, no sábado, e a França, na quarta jornada, em partida que pode resultar como uma autêntica final.

Por ‘fora’, correm Inglaterra e até mesmo a Escócia, atentos às dificuldades dos dois favoritos e prontos para agarrarem a sua oportunidade, se ela lhes for proporcionada.

A seleção inglesa visita a Irlanda no sábado, e se conseguir repetir a vitória do ano passado, que impediu o ‘Grand Slam’ aos campeões, ganha moral para o que seria o seu oitavo título desde 2000, ano em que a chegada da Itália mudou o nome ao antigo Cinco Nações.

É que, depois de viajar até Dublin, os homens de Steve Borthwick têm três jogos em casa, antes de encerrarem com uma visita ao País de Gales, que não constitui, este ano, o perigo de outros tempos.

A catedral de Twickenham recebe, consecutivamente, os encontros com França, Escócia e Itália, pelo que a chave do sucesso inglês pode residir, precisamente, no encontro da segunda jornada, contra os ‘bleus’, independentemente do que fizerem na semana anterior, na Irlanda.

A Escócia, única nação, a par da Itália, que ainda não venceu o torneio desde a entrada dos transalpinos, também espreita, este ano, a sua oportunidade, assentando as suas esperanças particularmente no talento de Finn Russell e nas acelerações de Duhan van der Merwe.

Mas, além disso, Gregor Townsend orienta indiscutivelmente um dos grupos escoceses mais consistentes dos últimos anos, que ficou patente na última ‘janela’ de testes internacionais de novembro, que inclui o triunfo por 59-21 contra Portugal.

Das quatro nações que defrontaram a Austrália nesse período, a Escócia conseguiu o resultado mais convincente, derrotando os ‘wallabies’ por 27-13, enquanto a Irlanda não conseguiu mais do que três pontos de diferença (22-19) e a Inglaterra e o País de Gales foram mesmo derrotados, por 42-37 e 52-10, respetivamente.

Esses resultados confirmam, por outro lado, que a Itália volta a ter um forte concorrente à ‘colher de pau’ que ‘premeia’ o último classificado do torneio.

O regresso de Warren Gatland ao ‘leme’ dos galeses, em 2022, continua longe de produzir o efeito desejado e, no ano passado, o técnico vencedor de quatro títulos, incluindo três ‘Grand Slams’, juntou também a famigerada ‘colher de pau’ ao seu palmarés.

Pior do que isso, o País de Gales foi mesmo ‘caiado’, perdendo todos os jogos, incluindo frente à Itália, em Cardiff, e não tem, atualmente, argumentos para rivalizar com os outros tradicionais candidatos.

Já os transalpinos, históricos ‘clientes’ da ‘colher de pau’ (18 em 25 participações), jogam pelo objetivo de deixar esse ‘troféu’ novamente nas mãos do País de Gales e de darem seguimento à sua melhor participação de sempre no torneio.

Os 11 pontos conquistados em 2024, resultantes de surpreendentes vitórias contra País de Gales e Escócia e do empate em França comprovam a excelência do trabalho que o argentino Gonzalo Quesada tem vindo a desenvolver nos 'azzurri', mas os transalpinos ainda não são do mesmo ‘campeonato’ que os rivais.

O torneio das Seis Nações 2025 começa na sexta-feira, com o França – País de Gales, às 20:15, no Stade de France, em Paris, e decorre ao longo de cinco jornadas até 15 de março.