Portugal discute com a tricampeã Dinamarca o acesso à final do campeonato do Mundo de andebol, na sexta-feira, na Unity Arena, em Oslo, e passou de ‘outsider’ para o restrito top-4 que luta pelas medalhas.

Impulsionada pela dinâmica ofensiva gerada pelos irmãos Francisco e Martim Costa, de 19 e 22 anos, que somam juntos 81 golos, e por uma boa coesão defensiva, aliada a uma vontade férrea de fazer história, a seleção lusa segue imparável.

O histórico apuramento para as meias-finais ocorreu numa batalha épica com a Alemanha, vice-campeã olímpica em Paris2024, na final perdida para a Dinamarca (39-26), e foi selado com um golo de Martim Costa a três segundos do fim do prolongamento (31-30).

Frente à Alemanha, que muito deve agradecer o equilíbrio na partida ao seu guarda-redes Andreas Wolff, com 21 defesas e uma eficácia de 42%, Portugal deu mais uma demonstração da sua garra e do motivo de ter deixado pelo caminho as seleções da Noruega, Suécia e Espanha.

Para se avaliar da dimensão do feito, a Suécia é das seleções mais tituladas, com quatro ouros, quatro pratas e quatro bronzes, a Espanha foi campeã por duas vezes, em 2005 e 2013, para além de bronze nas duas última edições e a Noruega foi ‘vice’ em 2017 e 2019.

O gigante alemão Andreas Wolff só não conseguiu travar já no prolongamento o poder de fogo dos já denominados no meio internacional por ‘Costa brothers’, Martim e Francisco, que asseguraram o desejado inédito apuramento e a concretização de um sonho.

Portugal iniciou a caminhada histórica no Mundial integrado no difícil Grupo E da fase preliminar, que venceu com triunfos frente aos EUA (30-21), Brasil (30-26) – que só caiu com a Dinamarca nos quartos de final – e a anfitriã Noruega (31-28).

A seleção portuguesa passou a integrar o Grupo III da ‘main round’ com quatro pontos, deixando em má posição a coanfitriã e candidata Noruega, e selou o apuramento para os quartos de final com um percurso a todos os níveis irrepreensível.

Os ‘heróis do mar’ mostraram que não foi por acaso que ‘travaram’ a Noruega e na primeira partida somaram um empate com a poderosa Suécia (37-37) – por quatro vezes campeã mundial – num hino ao andebol ofensivo que teve uma ‘chuva’ de golos.

Se dúvidas ainda houvesse, dois dias depois a seleção portuguesa venceu pela primeira vez a Espanha, por 35-29 – medalha de bronze em Paris2024 -, e passou apenas a depender de si para terminar a ‘main round’ na primeira posição.

Frente ao Chile, o adversário mais acessível do grupo, Portugal venceu por 46-28, estabelecendo um novo recorde de golos marcados num jogo do Mundial, superando os 42 à Austrália, em 2003, na edição que organizou, e garantiu o histórico apuramento para os quartos de final com a Alemanha.

Na sua sexta participação em fases finais de Mundiais, em que apresentava como melhor classificação o 10.º lugar alcançado em 2021, no Egito, a seleção portuguesa continua a fazer história e já garantiu o top-4 e o respeito de todos os adversários.