O Técnico requereu hoje à Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) a sua inclusão na Divisão de Honra do campeonato nacional 2022/23, que tem a primeira jornada marcada para sábado, sem a participação dos ‘engenheiros’.
O clube foi despromovido ao terceiro escalão nacional por alegada utilização irregular de jogadores num encontro da época passada, mas lembra, em comunicado enviado à agência Lusa, que o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) “anulou a desclassificação”.
Os ‘engenheiros’ reconhecem que há um recurso interposto pela FPR a decorrer no Tribunal Central Administrativo do Sul (TCAS), mas frisam que o mesmo, “como já assinalado pelo TAD, não tem efeito suspensivo, ou seja, deve, no imediato, ser dada execução ao acórdão do TAD”.
“Nesse contexto, o CRT [Clube de Râguebi do Técnico] requereu que, em execução do acórdão do TAD, em respeito pela legislação e regulamentação aplicáveis e para que não se agravem os prejuízos desportivos e financeiros já causados, a direção da FPR inclua o/a CRT/AEIST na Divisão de Honra”, adianta o clube.
O pedido, disse à agência Lusa o presidente do Técnico, Pedro Lucas, foi acompanhado de dois pareceres jurídicos emitidos por “dois Professores Doutores de incontestável reputação”, de onde “conclui-se, de forma cristalina”, que a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) “mantém hoje a sua normal situação de sócia” da FPR.
Segundo o Técnico, e tendo por base os pareceres de Armindo Saraiva Matias e Pedro Romano Martínez, “o pedido de desfiliação da AEIST junto da FPR não produziu efeitos jurídicos”.
“Mantém-se, pois, a situação que vigora há décadas, de filiação na FPR quer da AEIST quer do CRT, competindo aquela com as equipas deste”, concluem os ‘engenheiros’.
O Técnico disputava a Divisão de Honra sob a designação de AEIST por motivos históricos e de acordo com um protocolo em vigor entre a associação de estudantes da instituição de ensino superior e o clube, que o organismo estudantil denunciou em maio, antes de pedir, em 09 de agosto, a desfiliação da FPR.
Em 29 de agosto, após a celebração de um novo protocolo com o CRT, a AEIST solicitou à FPR a revogação do seu próprio pedido de desfiliação, o que, segundo o presidente do organismo que superintende a modalidade, não poderia ser atendido, uma vez que a AEIST teria de voltar a percorrer todos os trâmites estatutariamente definidos para a admissão.
O clube das Olaias contrapõe, no entanto, que no novo protocolo celebrado em 25 de agosto, “a AEIST cede os seus direitos de participação ao CRT em competições promovidas, regulamentadas e dirigidas em território nacional pela FPR”.
“Neste contexto, em face do acórdão do TAD de 17 de agosto de 2022, que anulou a desclassificação da AEIST para o último escalão, deve a AEIST ser reintegrada na Divisão de Honra, competição da qual foi ilegal e inconstitucionalmente retirada, com as inerentes consequências para a intervenção competitiva do CRT”, afirma a direção do Técnico.
Contactado pela Lusa, o presidente da FPR disse desconhecer ainda o pedido do clube das Olaias e lembrou que “existem órgãos próprios na FPR para analisar” esse pedido, mas assumiu que “não serão, certamente, os pareceres jurídicos pedidos pelo Técnico” a travar o início do principal escalão competitivo nacional de clubes.
“O campeonato começa no sábado”, reforçou Carlos Amado da Silva.
Em 20 de abril, o Conselho de Disciplina da FPR considerou procedente um protesto do CDUL que alegava que o Técnico tinha utilizado nove jogadores de forma irregular no encontro entre as duas equipas, em 23 de março, infringindo o artigo 37.º, n.º 1 a) do Regulamento de Disciplina.
Dez dias depois, em 30 de abril, a direção da FPR decidiu aplicar a decisão do CD, após receber um recurso do Técnico, desclassificando os, então, ainda campeões nacionais e despromovendo-os ao último escalão competitivo português, decisão suportada mais tarde pelo Conselho de Justiça, ao considerar improcedente um recurso dos ‘engenheiros’.
Em 17 de agosto, o TAD anulou as decisões da direção da FPR e do seu Conselho de Disciplina, mas a FPR recorreu da decisão para o TCAS e anunciou entretanto o início da Divisão de Honra 2022/23, principal escalão competitivo nacional, para 08 de outubro, sem a inclusão dos 'engenheiros', que avançaram com uma providência cautelar no TAD para impedir o início da competição.
A providência cautelar foi entretanto rejeitada pelo TAD, que se considerou “incompetente” para fazer cumprir a sua própria decisão, mas o Técnico reencaminhou o expediente para o TCAS, do qual ainda aguarda uma decisão.
Com sede nas Olaias, o Técnico soma, a nível sénior, três títulos de campeões nacionais (1981, 1998 e 2021), quatro Taças de Portugal (1969, 1971, 1973 e 1994) e uma Supertaça (1994).
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