A luta contra o doping chegou aos pódios no Mundial de Natação: ao receber uma segunda medalha de ouro no Mundial de Desportos Aquáticos que decorrem em Gwangju, na Coreia do Sul, o chinês Sun Yang voltou a ser alvo de protestos de atletas rivais.
O dia de finais na piscina coreana, esta terça-feira, foi aberta com uma nova polémica envolvendo Sun Yang, que herdou o ouro nos 200 m livres após a desclassificação do lituano Danas Rapsys por uma falsa partida.
Mas voltemos à primeira polémica, entre Mack Horton e Sun Yang, que vem de há muito tempo. A rivalidade entre os dois é conhecida e o australiano já expressou por diversas vezes que não gosta do chinês. Yang já esteve suspenso por doping e tem má fama entre os outros nadadores.
Na passada segunda-feira, na cerimónia protocolar para as medalhas nos 400 metros livres, ganho pelo chinês (quarto título mundial consecutivo na distância), Horton voltou a protestar contra o gigante nadador chinês. Os atletas receberam as medalhas mas Horton recusou posar para a fotografia com Yang e não ficou fora do pódio na altura de receber as medalhas."Recuso-me a partilhar o pódio com alguém que faz o que ele faz", explicou o australiano. O chinês não gostou: "Desrespeitar-me não faz mal, desrespeitar a China, é infeliz", atirou.
A Federação Internacional de Natação (FINA) não gostou e avisiou Horton que "não pode usar os eventos da FINA para gestos ou declarações pessoais".
Mas Mack Horton não está só nos protestos contra o nadador chinês. Muitos nadadores tem expressado o seu apoio ao australiano, como fez a norte-americana Lily King: "Foi fantástico. Quando ele chegou à sala de jantar, toda a gente se levantou e aplaudiu. Foi óptimo ver os atletas unidos a apoiá-lo", contou.
Nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, os dois já tinham trocado 'galhardetes'. Antes da final dos 400 metros, Horton referiu-se a Yang como um "batoteiro" e acusou chinês de, deliberadamente, o ter salpicado com água durante um treino.
"Ignorei-o. Não tenho tempo e não tenho respeito por batoteiros que usam drogas. Tenho um problema com atletas que estiveram suspensos por doping e que continuam a competir", explicou, na altura, o australiano, que se desforrou na piscina ao bater Yang e ficar com o ouro na especialidade.
Sun Yang esteve suspenso durante três meses, em 2014, por um controlo positivo, ao acusar a presença de Trimetazidina no sangue, um estimulante que estava na lista das substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidopagem (AMA. Na altura o nadador chinês justificou que tomava o medicamento por causa de um problema no coração.
Dois dias depois do australiano Mack Horton, foi a vez do britânico Duncan Scott protestar contra o chinês.
Ao contrário de Horton, Scott (22 anos) aceitou subir no pódio para receber a medalha de bronze na prova dos 200 m livres, mas negou-se a apertar a mão do medalhista de ouro chinês e posar para a foto oficial ao seu lado.
E, ao contrário de domingo, quando pareceu ignorar o protesto de Horton, desde vez Sun Yan revoltou-se com a atitude do colega britânico. Com o punho fechado e visivelmente irritado, o chinês de quase dois metros de altura gritou na direção de Scott.: "Eu ganhei! Eu ganhei! Tu és um perdedor, eu sou um vencedor".
Os dois nadadores receberam um aviso da Federação Internacional de Natação (FINA), que já tinha feito o mesmo com Horton.
Scott não quis comentar o ocorrido, mas recebeu o apoio do compatriota e astro da natação britânica, Adam Peaty.
"Ele tem razão. O mais importante como atleta é que podes fazer com que a tua voz seja ouvida. E foi o que Duncan fez", aplaudiu.
A presença de Sun nas competições é vista como uma afronta para muitos nadadores. A FINA acabou por não punir o chinês, após este destruir a amostra de sangue em setembro.
O nadador chinês, de 27 anos, ainda será julgado em setembro pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), maior instância jurídica desportiva no mundo, após a Agência Mundial Antidoping (AMA) apelar da decisão da FINA de não punir Sun Yang pela destruição das amostras.
De acordo com um jornal australiano, o chinês recusou-se a fazer um controle fora de competição, a técnicos da Agência Mundial Anti-dopagem (AMA). O chinês terá até destruído as amostras do próprio sangue, por entender que os técnicos não estavam devidamente identificados. A FINA analisou o caso e deu razão a Yagn, a AMA não gostou e recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS, na sigla em francês).
Depois da suspensão durante três meses por doping em 2014, Sun Yang corre o risco de ser suspenso novamente, agora para sempre da natação, se o TAS der razão à AMA.
Enquanto espera pela próxima batalha no tribunal, Sun Yang vai brilhando nas piscinas onde conquistou o seu 11.º título mundial, igualando o australiano Ian Thorpe como terceiro maior vencedor da história dos Mundiais de Desportos Aquáticos. O chinês tem feito uma carreira sólida na natação, onde tem dominado o estilo livre: soma três títulos olímpicos e dez mundiais, além de vários pódios.
O chinês entrou na piscina novamente esta quarta-feira para a final dos 800 m livres onde terminou no sexto posto. Por enquanto soma duas medalhas de ouro, nos 200 e 400 metros.
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