Philip Morris com a Ferrari e British American Tobacco com a McLaren: após mais de dez anos de ausência na Fórmula 1, as marcas de tabaco, que desempenharam um papel importante na categoria principal de automobilismo entre os anos 1970 e 2006, estão a retomar o seu relacionamento com este desporto.
Foi o grupo Philip Morris International (PMI), patrocinador histórico da Ferrari através da marca Marlboro, que habilmente iniciou o movimento em outubro.
Desde o Grande Prémio do Japão, os carros e os fatos-macaco dos pilotos e dos membros da equipa italiana ostentam o logotipo da 'Mission Winnow', um "programa de conteúdos relacionados com a ciência, inovação e tecnologia, como veículos de melhoria e transformação para a Philip Morris International e os seus colaboradores", explicou a Philip Morris. O mesmo acontecerá esta temporada com a Ducati na MotoGP.
A British American Tobacco (BAT) anunciou esta semana uma colaboração com a McLaren para que os carros e os pilotos da equipa inglesa usem as logos de 'A Better Tomorrow', apresentada como "uma plataforma global para acelerar o programa de transformação" da BAT.
Assim, a empresa colocará em evidência os "produtos de risco potencialmente reduzido", que estão a ser desenvolvidos, como o cigarro eletrónico.
Devido à proibição em muitos países de publicidade para produtos relacionados com o tabaco, as empresas estão agora a promover, na Fórmula 1, projetos paralelos das suas atividades principais e produtos menos polémicos.
"Não se trata de publicidade ao tabaco"
"A nossa iniciativa não faz promoção de nenhum produto nem de nenhuma marca do grupo Philip Morris. Pelo contrário, a 'Mission Winnow' tem como objetivo mostrar o nosso compromisso de melhorar constantemente. Esta iniciativa abre uma janela para a nova Philip Morris e para os nossos colaboradores, assim como o nosso compromisso e a nossa motivação comuns", defende Tommaso di Giovanni, diretor de comunicação do grupo.
Uma pesquisa rápida de 'Mission Winnow' no Google leva rapidamente ao site da Philip Morris.
Para a BAT, "isso não tem nada a ver com o que fazíamos antes de 2006. Não se trata de promover produtos relacionados com o tabaco", afirma uma porta-voz do grupo que foi um importante investidor da F1 entre 1999 e 2005.
Numa altura em que as equipas de Fórmula 1 encontram dificuldades com os seus orçamentos devido à falta de grandes patrocinadores, o impulso financeiro das marcas de tabaco, que ajudaram no crescimento da F1 no passado, apresenta-se como um argumento tentador.
Mas o regresso da publicidade ao tabaco à F1 não gera unanimidade. Na Austrália, que recebe o primeiro Grande Prémio da nova temporada, em 17 de março, em Melbourne, as autoridades sanitárias estudam a logo 'Mission Winnow', que parece com o da Marlboro, para determinar se seria um caso de publicidade encapotada
"Trabalhamos atualmente com os organizadores do Grande Prémio australiano para compreender e responder às preocupações das autoridades em relação à Mission Winnow. A sinalização usada nos uniformes dos membros da escuderia Ferrari e no site na internet estão conformes às leis aplicáveis a nossas atividades na Austrália e no Estado de Victoria", garante Di Giovanni.
"Estamos a analisar detalhadamente as leis e os regulamentos" sobre o tabaco nos países que recebem corridas, garante por sua vez a British American Tobacco. "Ainda temos de determinar o que usar da nossa em cada país, mas respeitaremos sempre as leis", completa.
A Federação Internacional do Automóvel (FIA), encarregada das regras do campeonato, mantém-se prudente, mas firme sobre o tema.
"Não temos conhecimento dos detalhes deste acordo ou das modalidades desta colaboração. É difícil avaliá-las neste momento. Contudo, desde 2006, a FIA se opõe firmemente contra toda a publicidade ou patrocínio de cigarros ou produtos do tabaco no mercado nos seus campeonatos e esse determinação não mudou", declarou a FIA.
Questionada pela AFP, a Liberty Media, grupo que detém os direitos da F1, não quis comentar o caso.
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