A piloto portuguesa Elisabete Jacinto espera voltar a lecionar quando deixar para trás a última duna da África Eco Race, após ter falhado a tentativa de conciliar a carreira docente com a participação nas provas de todo o terreno.
“A minha ideia era um dia poder voltar (...). Ser professora é uma atividade que eu gosto. Costumava dizer, a brincar, que havia dois momentos na vida em que o tempo passava sem dar por ele, que era quando estava a andar de mota e quando estava a dar aulas”, disse Elisabete Jacinto à Lusa, assinalando que foi “professora de corpo e alma”.
Licenciada em Geografia pela Universidade de Letras de Lisboa, a piloto, que é também autora de manuais escolares e de vários livros de aventura, todos com o tema das corridas de todo o terreno, conseguiu de início aliar a atividade como professora com a carreira desportiva, mas rapidamente percebeu que teria de fazer escolhas.
“Enquanto piloto de mota fui sempre fazendo corridas. Fiz o primeiro Dakar, fiz o segundo. Como não consegui ter sucesso em nenhum, a certa altura achei que precisava de ter mais tempo para me dedicar à modalidade e pedi licença sem vencimento e os dois últimos Dakar que fiz e consegui concluir foram nesse regime”, explicou a recente vencedora da África Eco Race na categoria de camiões.
Elisabete Jacinto regressou depois à escola, mas voltou a ter de interromper a carreira docente quando tomou a decisão de trocar as motos pelos camiões: “Quando fiz a primeira corrida de camião percebi que o nível de exigência era muito maior e que precisava de me dedicar a tempo inteiro se quisesse ter sucesso foi isso que acabei por fazer”, notou.
“A educação é uma coisa fundamental. Faço o paralelismo com o desporto. O desporto é uma ferramenta fundamental que é supereficaz na formação dos jovens. Temos aqui duas áreas que o nosso país despreza perfeitamente. Não se valoriza o ensino, não se valoriza os professores, não se criam condições para darmos uma boa formação”, lamentou.
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