Adriane Galisteu era namorada de Ayrton Senna na altura do acidente que vitimou o piloto brasileiro, faz hoje duas décadas.
“Estou muito triste”, dizia Ayrton Senna à namorada, pouco antes de correr em Imola, a 1 de maio de 1994. “Ayrton, não entra nessa corrida”, foi a resposta de Adriane Galisteu, 21 anos na altura, modelo que despoletou em parte devido ao namoro com o piloto de Fórmula 1.
A ex-modelo conta, em entrevista ao Daily Mail, que Ayrton Senna disse-lhe que não podia desistir da corrida no principado. A prova começava envolta em tragédia, pela morte do austríaco Ratzenberger, a 30 de abril, e do acidente que atirou Rubens Barrichello, amigo de Senna, para o hospital.
“Eu vi o acidente e não achei nada de especial. Na verdade, pensei: `Bom, ele vai voltar mais cedo, ainda bem`. Mas vi que era mais sério do que tinha imaginado ao princípio. Fiquei em frente à TV e pus no repeat várias e várias vezes. Via-se que o carro estava danificado, mas nunca imaginei que ele tinha morrido. Atendi o telefone e era a mulher do melhor amigo dele a dizer-me que eu precisava de ir para Ímola. Fomos diretamente de Lisboa. Entrei no avião a pensar que ainda estava vivo. Ferido, mas não morto”, relembrou.
Galisteu estava no Algarve, onde Senna a iria encontrar depois do Grande Prémio de São Marino para a pedir em casamento (“Tenho muito a dizer-lhe. A propor. A oferecer”, prosseguiu. – “Devo estar aí às 20h30, por aí. Quero passar a noite em claro. Vamos conversar até o amanhecer. Quero convencê-la de que sou o melhor homem de sua vida”.
Ri, com aquele comentário inesperado.
- Você não conhece os outros... - brinquei.
- Vou provar-lhe que sou o melhor.” Ayrton para Adriane”, in Caminho das Borboletas, de Adriane Galisteu).
“Quando o avião estava prestes a descolar, o piloto disse que havia uma chamada da torre. Imaginei que era o Ayrton a dizer `Não precisa vir, tudo está ok`. Era uma amiga: `Adriane, você não precisa vir`. `Uau, isso é bom`, disse, a pensar que ele deveria estar melhorar. `Não, ele morreu`. O meu mundo parou naquele momento. Na minha cabeça era impossível, ele só poderia morrer de velhice. Foi inacreditável que ele tenha morrido a fazer o que ele sabia fazer melhor na vida. Foi muito difícil para o Brasil, para todo o Mundo, mas ainda mais para mim. Demorei muitos anos para recuperar a minha vida, especialmente, a amorosa. Fiquei o máximo que pude com o seu corpo. Não fui para casa, não tomei banho. Fiquei com ele”, conta.
O piloto e a modelo, que se conheceram no circuito de Interlagos em 1993, namoraram um ano e meio.
“O meu período com o Ayrton foi uma grande história de amor. Ele era amado em todo o mundo como jamais soube. A sua memória nunca será apagada. Para mim, foi especial, mas agora sou casada e tenho filho. Isso quer dizer que não posso dizer que ele foi o amor da minha vida. O Ayrton tinha três sonhos. O primeiro era acabar a carreira na Ferrari, o segundo era conhecer a Disney World e o terceiro era ser pai. Ele era mais do que um campeão. Ele tinha um coração enorme, um modo simples de viver e tinha sonhos simples. Em casa, ele era como criança. Ele era cheio de alegria”, revela.
O brasileiro não chegou a cumprir estes três sonhos. Morreu a 1 de maio de 1994, na pista de Imola.
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