O município de Arganil vai assistir sexta-feira à passagem do Rali de Portugal, mas o facto de ter recuado no desconfinamento tem impactos negativos na imagem do concelho e na economia local, particularmente na restauração.
O presidente da Câmara, Luís Paulo Costa, lamentou hoje, à agência Lusa, que se tenha transmitido uma imagem do concelho situado no interior do distrito de Coimbra que, "objetivamente, não tem nenhuma relação com aquilo que é a realidade".
"No há nenhuma situação de risco generalizada (de casos da covid-19), como em determinada altura passou para a opinião pública, e isso foi um dano colateral para a imagem do concelho com uma comunicação que deveria ter sido gerida de outra forma", disse o autarca social-democrata.
Apesar da passagem do Rali de Portugal em Arganil permitir público, o setor económico, sobretudo o da restauração, "vai levar pancada", salienta o presidente da Câmara, que lembra as condicionantes impostas pelo retrocesso no processo de desconfinamento, nomeadamente as restrições de lotação e de horário dos estabelecimentos.
"Em anos normais, alguns estabelecimentos funcionavam durante toda a noite", realça.
Segundo Luís Paulo Costa, o Conselho de Ministros de quinta-feira deverá colocar Arganil na última fase de desconfinamento, devido à redução significativa de casos de covid-19, mas o seu efeito prático já não chega a tempo do Rali de Portugal.
À data de hoje, o concelho de Arganil regista 34 casos ativos, mas a expectativa do presidente da Câmara é que nesta quinta-feira o número baixe para cerca de 20.
O autarca voltou a contestar os critérios da Direção-Geral de Saúde, que, em seu entender, deveriam ser cruzados com a densidade demográfica e também com o índice de transmissibilidade.
"Do ponto de vista do indicador dos 240 casos por 100 mil habitantes, em Arganil já estamos acima deste indicador com 26 casos e o concelho de Lisboa só fica acima deste indicador com mais de 1.222. Vejam a disparidade, com a circunstância de que Lisboa tem uma terça parte da área de Arganil, logo mais concentração e maior densidade demográfica", sublinhou.
Para minimizar os impactos ambientais da passagem do Rali por Arganil, o município em parceria com a ERSUC - Resíduos Sólidos do Centro, instalou um número significativo de ecopontos para separação de plástico e metal (amarelo), vidro (verde), papel e cartão (azul) ao longo do troço, em especial nas zonas destinadas ao público.
Após a prova, os resíduos recolhidos serão pesados e convertidos num valor monetário (80 euros/tonelada para papel/cartão e 220 euros/tonelada para plástico/metal), que vai reverter para a unidade de Arganil da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM).
"O grande desafio em tempos de pandemia passa por apelar aos adeptos que vão palmilhar a Serra do Açor que coloquem as máscaras (forte elemento poluidor) nos caixotes dos indiferenciados, espalhados pelos locais que vão acolher o público", refere o município.
O presidente da autarquia conta, "tal como em 2019, com o comportamento exemplar dos fãs que vão rumar à serra, deixando-a, tanto quanto possível, livre de resíduos", para que, no final, "fique apenas o rasto dos pneus no percurso do rally".
Em 2019, o modelo ambiental utilizado valeu ao Rali de Portugal a certificação ambiental máxima por parte da FIA, sendo considerado exemplo a seguir por outros eventos e atividades desportivas de todo o mundo, pelo Comité Olímpico Internacional.
Comentários