O treinador de futebol André Villas-Boas reconheceu hoje que a "adrenalina" do rali é superior à do todo-o-terreno, após ter-se estreado nessa variante do automobilismo neste fim de semana, no Rali de Vieira do Minho.

"A adrenalina é maior. É gratificante no fim, mas é muito exigente durante a prova. O todo-o-terreno permite mais erros, porque o importante aí é ser consistente. Aqui, o importante é ser rápido", disse à Lusa, após ter concluído a categoria Extra da prova do campeonato regional do Norte na 10.ª posição, ao volante de um Citroen C3 R5.

O técnico que orientou os franceses do Marselha entre maio de 2019 e março deste ano já competiu em algumas provas de todo-o-terreno, quer em Portugal, num veículo do tipo SSV, quer no Dakar de 2018, com um Toyota Hilux, antes de desistir, à quarta etapa, e reconheceu muitas diferenças para o rali nos vários aspetos da condução.

"É muito diferente na transferência de massa, na velocidade, no tempo de travagem. E depois [os carros] são muito fortes e resistentes. É também diferente no uso da caixa [de velocidades]", descreveu.

Vencedor da I Liga portuguesa e da Liga Europa no comando do FC Porto, André Villas-Boas frisou que a experiência foi "muito divertida" e não rejeitou a hipótese de participar no campeonato nacional de ralis, apesar de não fazer esse compromisso.

"É muito incerto [que vá competir]. É muito rápido isto e a minha profissão é outra", disse.

O treinador lembrou de novo que o Rali de Vieira do Minho serviu também para "espalhar a causa” da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) do Porto, instituição à frente da qual cresceu, tendo observado as pessoas ali acolhidas e o trabalho desenvolvido.

"Cresci em frente à APPACDM. O objetivo é trazer cada vez mais donativos às causas que defendo. Temos pessoas que têm falta de apoio financeiro, principalmente, e é preciso os fundos dos privados e sensibilizar a população para contribuir", frisou.

André Villas-Boas promoveu a instituição de apoio aos cidadãos com deficiência mental no âmbito do movimento ‘Race for Good', que pretende transformar numa instituição de sociedade social, associada não só ao desporto motorizado, mas também a outros "desportos de mobilidade", que incluem "maratonas e ciclismo", bem como provas de veículos elétricos.

O treinador de futebol concluiu as cinco classificativas do rali com um tempo de 38.16,8 minutos, mais 3.09,4 minutos do que o piloto mais rápido, o atual campeão nacional, Armindo Araújo, a bordo de um Skoda Fábia R5 Evo.

À chegada à praça Doutor Guilherme de Abreu, em frente à Câmara Municipal de Vieira do Minho, o piloto de Santo Tirso assumiu à organização que era "impossível" o carro apresentar um melhor desempenho a duas semanas do arranque do campeonato nacional, com o Rali Terras d'Aboboreira, em Amarante, Marco de Canaveses e Baião.