Em entrevista à TSF e ao jornal 'O Jogo', André Villas-Boas pede uma reflexão em torno do futebol português e deixa duras críticas às decisões de arbitragem ao longo da presente época.

"Temos de gerar competitividade interna para que isto seja resolvido o mais rápido possível. Se isto obriga a grandes e fortes discussões sobre os quadros competitivos, que assim seja. Não podemos ter as instituições que governam o futebol português a não emitir pareceres agressivos de condenação de corrupção ativa. E não podemos ter arbitragens com decisões tão más, tão evidentes, como tivemos este ano. Portanto o futebol português tem de caminhar para a credibilidade e isso obriga a que os três grandes, mais o SC Braga, mais os que entenderem, se sentem e discutam ativamente e de forma clara o futuro do futebol português."

O antigo técnico portista abordou também a questão da centralização dos direitos televisivo. Para Villas-Boas, o FC Porto deve ser uma voz ativa na matéria, se possível liderar a discussão, num discurso com direito a um recado para o rival Benfica.

"A construção de um produto melhor para o futebol português é absolutamente fundamental. E eu quero o FC Porto líder das discussões à volta da criação desse melhor produto. Para mim, não é possível que seja o SC Braga a liderar estas conversas. Por muito respeito que tenha pelo clube e pelo trabalho que António Salvador fez no SC Braga. Se os outros não se elevam a esta discussão, que seja o FC Porto a liderar. Porque a Liga Centralização está a chegar. Já é a segunda vez que o Benfica emite “soundbites” de não querer respeitar a Liga Centralização, o que é grave. E nós temos de criar um melhor produto do futebol português. Estar em sétimo no ranking de países da UEFA é grave e não podemos estar por trás dos Países Baixos.

Villas-Boas foi ainda questionado sobre qual seria a sua maneira de estar enquanto presidente do FC Porto, no que diz respeito à relação com os outros clubes, nomeadamente os maiores rivais.

"Digo que é fundamental que o FC Porto não se afaste das instituições que governam o futebol português. Ou seja, que isto não seja apenas sentar-se ao lado de presidentes para tirar fotografias. Que seja uma voz ativa de comunicação, de criação de melhor produto, porque é isso que falta ao futebol português para se tornar credível. Se andarmos nas picardias, nas estupidezes e nas guerras, na guerrilha entre presidentes de ligas e de federações, não valorizamos o melhor produto."