O Automóvel Clube de Portugal acusou hoje o Governo de prejudicar o país com a retirada de apoio ao Rali de Portugal que, nas suas sete edições, proporcionou uma receita fiscal de cerca de 74,1 milhões de euros.
“A decisão do Ministério da Economia de retirar o apoio financeiro ao WRC Rally de Portugal é exclusivamente política e não tem qualquer fundamento técnico ou científico”, refere nota de hoje do Automóvel Clube de Portugal (ACP), para quem o ministro da tutela, o secretário de Estado do Turismo e o presidente do Turismo de Portugal “tomaram uma decisão que lesa o país em vários milhões de euros”.
No documento, a entidade organizadora do Rali da Portugal refere a monitorização feita desde 2007 pela Universidade do Algarve sobre os impactos na economia do turismo da realização do evento que, ao longo das suas sete edições atraiu, em média, 350 a 400 mil visitantes por ano.
“Face ao padrão de despesa nos vários tipos de consumo de bens e serviços pelos 350.000 a 400.000 turistas, é possível estimar com algum grau de aproximação que só em impostos diretos sobre o consumo, os turistas gerados pelo WRC Rally de Portugal proporcionaram ao estado ao longo das sete edições uma receita fiscal na ordem mínima dos 74,1 milhões de euros”, indica.
Os dados divulgados indicam também que “por cada euro de investimento público foram gerados na economia nacional 54,42 euros de despesa direta pelos adeptos”, valor calculado considerando o apoio acumulado do Turismo de Portugal na ordem dos 6,4 milhões de euros e os 348,2 milhões de euros “de impacto direto” gerados pelos turistas e adeptos.
O ACP contesta ainda a medida alternativa do ministério para promover Portugal e que “consiste na concessão de um apoio no valor de 900 mil euros à companhia aérea low cost EasyJet para a criação de uma base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro” no Porto, apesar de desconhecer as rotas a serem operadas e o valor do efetivo retorno.
Já os dados estimados pelo ACP demonstram que a base da Easyjet do Porto terá um retorno de 195,4 milhões, o que significa que cada euro de apoio público irá gerar 31,01 euros, ou seja “menos 43% que a opção já testada ao longo dos últimos sete anos no apoio” ao Rali de Portugal.
Para aquela instituição, “não deixa de ser uma enorme coincidência que no momento em que é decidido levar finalmente o WRC Rally de Portugal para o Norte o Ministério da Economia anuncie a sua retirada de apoio”.
Apontou ainda as “expectativas positivas” de ao realizar-se no Norte o evento “poder vir a atrair um ainda maior número de adeptos/turistas” do que no Algarve, com um impacto económico “muito superior” às edições anteriores.
Na passada semana o Ministério da Economia anunciou que o Turismo de Portugal não vai apoiar financeiramente a edição de 2015 do Rali de Portugal nem a prova de WTCC, a realizar-se no Porto e justificou que tal decisão se deve a uma nova estratégia de promoção do país, focada na “captação de rotas aéreas e de parcerias com operadores turísticos e na adaptação da promoção externa ao 'marketing' digital”.
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