Mathieu Blanchard escreveu o seu nome nos livros de desportos radicais depois de vencer o Yukon Arctic Ultra.  O ultramaratonista francês demorou quase oito dias para percorrer a corrida de 600 km no noroeste do Canadá, desafiando as condições climáticas adversas, problemas respiratórios, alucinações devido às baixas temperaturas e tudo isso enquanto arrastava um trenó de 30 quilos.

Embora tivesse vários adversários (o francês Guillaume Grima terminou em segundo lugar), o principal rival de Blanchard foi o mau tempo, que tornou esta prova uma das mais difíceis do mundo. Por isso não foi de estranhar que tenha havido lágrimas (congeladas, claro está) ao cruzar a linha de chegada.

“Uma lágrima. Contém tudo. Dor, alegria, loucura, sobrevivência, conquista, luta, sofrimento, euforia, medo. Acabei de terminar este Yukon Arctic Ultra. 7 dias e 22 horas. Não é uma vitória contra o frio ou contra a distância. É um retorno ao básico. Por instinto. À minha natureza selvagem", escreveu o atleta nas redes sociais.

O percurso final de 71 km foi uma tortura por quase todos os motivos possíveis:  temperaturas de -50°, hipoglicemia, problemas respiratórios e alucinações que o transportaram para o mundo da televisão.  Como o francês revelou após o teste, a situação fê-lo sentir-se como um Caminhante Branco de Game of Thrones. “Foi terrível. Eu estava tão exausto que cambaleava, é muito assustador nessa temperatura. Os últimos 15 km foram um pesadelo", disse.

Apesar da extrema dificuldade, o ultramaratonista não desistiu e conseguiu manter o ritmo para cruzar a linha de chegada, onde o aguardavam crianças locais e seu amigo Loury, que não conseguiu continuar a corrida após ser obrigado a abandonar devido a queimaduras nos pés. Como esperado para um aventureiro desse calibre, Blanchard já está a pensar nos próximos desafios: o Iditarod Trail Invitational, no Alasca, e o Lapland Arctic Ultra, na Suécia.