A Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) iniciou as aulas nas academias de hóquei no gelo e patinagem artística na Ice Arena da Serra da Estrela, com o intuito de desenvolver as modalidades no gelo.
Na pista de gelo localizada ao lado da Pousada da Juventude, nas Penhas da Saúde, Covilhã, estiveram cerca de 40 pessoas, de diferentes idades e níveis, para aprenderem as bases do hóquei no gelo com o canadiano Jim Aldred, antigo jogador profissional e treinador, agora selecionador nacional da modalidade, e com as professoras de patinagem artística, Sophia Lamay, antigo membro da equipa norte-americana, e Carla Almeida, campeã na África do Sul, onde nasceu.
Francisca Barata, de 15 anos, natural da Covilhã, nunca tinha patinado a não ser “por diversão”, nos patins que tem em casa. A mãe falou-lhe no início de atividade da academia e decidiu experimentar, com a irmã e uma amiga, e, apesar de o início da aula ter sido “difícil de acompanhar”, frisou ter terminado “com vontade de regressar”.
“Aprendi a travar sem arrancar um dedo, a virar, a andar para trás e é mais difícil do que pensava, mas quero evoluir”, salientou a nova adepta da patinagem no gelo.
Impressionada com a graciosidade, técnica e facilidade com que as duas professoras se movimentavam na arena, Benedita Martins, de 11 anos, contou que participou incentivada pelo pai e achou a modalidade “mais interessante” do que imaginava, apesar de as posições e exercícios nem sempre terem saído bem à primeira.
Enquanto tira os patins, depois de ter contornado cones e deslizado pelo gelo, Laura Ramos, 12 anos, há cinco praticante de patinagem sobre rodas, constata que “no gelo é mais fácil ganhar velocidade” e o equilíbrio é mantido de forma diferente, tal como o balanço. “A maneira de patinar é completamente diferente”, comparou, à Lusa.
Para Carla Almeida, uma das professoras, alguns elementos são semelhantes e pode ser mais fácil a quem vem das rodas apreender certas técnicas, mas o objetivo foi “começar do zero”, independentemente da experiência de cada um.
Hoje não houve ainda piões nem saltos. Ensinou-se a cair no gelo, a posicionar as lâminas, a postura correta, como fazer movimentos e oitos.
“Se continuarem com este entusiasmo, poderão evoluir muito”, avaliou, em declarações à agência Lusa, a antiga campeã, que apela à adesão de pessoas “de qualquer idade, saibam ou não patinar”.
Segundo Carla Almeida, “o primeiro passo é ensinar a patinar, depois criar condições para a evolução e competição, para formar atletas e no futuro pôr Portugal no mapa internacional”.
Sophia Lamay manifestou a necessidade de fazer “um trabalho consistente”, elogiou a capacidade de resposta das alunas e alertou que a pista é suficiente para iniciação, mas é necessária uma maior para evoluir, uma aspiração da FDIP.
“É ótimo poder fazer alguma coisa desde o início, como achamos que deve ser feito, criar boas práticas para o futuro”, referiu a treinadora.
Raquel Cardoso, de nove anos, há quatro que joga hóquei em patins em linha no Grupo Cultural e Recreativo Casteleiro, da Sertã, que se fez representar no gelo por cinco atletas. A jogadora, de pequena estatura, equipada com capacete, máscara, stick, luvas, peitilho e cotoveleiras, mostrou-se ágil e destemida na pista, habituada que está a treinar com colegas bem mais altas.
“Há o medo de cair, mas é óbvio que se cai, toda a gente cai”, respondeu, antes de dizer que se sente melhor no cimento, por dominar as técnicas e conseguir “fazer mais coisas”, mas mostra-se entusiasmada com o novo desafio no gelo.
Martim Caetano, 11 anos, foi a primeira vez que jogou hóquei. Estava nervoso e com receio de ser gozado pelas quedas, até perceber que também acontece aos outros. Gostou especialmente do jogo quatro contra quatro, apesar da dificuldade em articular todos os elementos, e o desejo é voltar todas as semanas.
Jim Aldred, no rinque a dar constantes indicações, mostrou-se feliz ao ver o hóquei a germinar em Portugal, com “o envolvimento dos jovens”. Para já, vão treinar todos juntos, e só numa segunda fase separar por níveis.
Embora esteja empenhado em ensinar o que aprendeu ao longo da vida, realçou que “neste momento, o mais importante é divertirem-se, terem prazer a jogar”.
A arena, com marcações para o hóquei e o curling, que vai também começar a ser ensinado, tem metade do tamanho de uma pista olímpica e permite a “muita gente com curiosidade experimentar as modalidades”, ainda que o objetivo seja manter uma prática continuada.
“O objetivo é que estes miúdos aprendam as técnicas destas modalidades e possam mais tarde evoluir para a competição”, destacou Pedro Flávio, o vice-presidente da FDIP, em declarações à agência Lusa.
Nas primeiras aulas de hóquei para adultos, no sábado, participaram 14 atletas, na patinagem artística e no hóquei para crianças, no domingo, estiveram na Ice Arena 24 alunos.
O presidente da FDIP, Pedro Farromba, informou estar previsto um processo de formação de juízes para a patinagem, de árbitros para o hóquei e a certificação da formação de treinadores em ambas as modalidades.
Neste momento, pretende-se pôr “a patinar o maior número de pessoas”. “Espero que venham a sair daqui várias equipas em representação da federação”, acrescentou Pedro Farromba.
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