A 73.ª edição da Volta a Espanha em bicicleta vai contar com quatro portugueses na estrada, divididos entre o dever de trabalhar para os líderes das suas equipas e a vontade de “animar a corrida” e lutar por etapas.
Nelson Oliveira (Movistar), José Mendes (Burgos-BH) e José Gonçalves e Tiago Machado, ambos da Katusha-Alpecin, são os representantes nacionais na ‘Vuelta’, que começa no sábado, em Málaga, e termina no dia 16 de setembro, em Madrid.
Dos quatro participantes, Tiago Machado é o mais experiente, indo para a quinta participação na ‘Vuelta’, tendo como melhor resultado um 32.º lugar em 2011, sendo que o colega de equipa, José Gonçalves, é o mais ‘azarado’.
O ciclista de Barcelos foi 34.º em 2015, mas abandonou as duas edições seguintes, procurando pôr fim ao ciclo negativo na prova num ano em que tem estado em boa forma, registando um 14.º lugar final na Volta a Itália.
Se esse resultado lhe dá maior liberdade dentro da equipa, explicou à Lusa, o objetivo é “igual ao do ano passado”, ou seja, apoiar o russo Ilnur Zakarin, terceiro em 2017, na luta pela camisola vermelha.
“Vamos todos trabalhar, a minha intenção é essa. O meu trabalho dentro da equipa vai ser de apoio ao Zakarin”, completou, ainda que possa tentar atacar uma vitória em etapa no decorrer dos 21 dias de competição.
José Mendes representa a espanhola Burgos-BH, equipa de Pro Continental que recebeu um convite da organização para se juntar às formações de WorldTour na prova, e por isso a equipa quer estrear-se na maior prova de ciclismo espanhola a pagar “a confiança dos organizadores”.
“Vamos tentar animar a corrida, com muitos dias em fuga. Esse é o principal objetivo da equipa, e depois, seria excelente lutar por uma etapa. (...) Em termos pessoais, quero lutar por uma vitória”, contou à Lusa.
A temporada 2018 do campeão nacional de fundo em 2016 não começou da melhor forma, com uma queda em março que resultou na fratura de uma clavícula, mas as últimas provas, confessou, deram “confiança” e o regresso a “um bom nível e boas sensações”.
Em julho, foi sexto classificado no Troféu Joaquim Agostinho e, já em agosto, com a equipa a correr ‘em casa’, foi 12.º classificado na Volta a Burgos, que funciona como ‘tubo de ensaio’ para a Volta a Espanha.
Aos 33 anos, o corredor de Guimarães já experimentou as três grandes voltas e tem como melhor resultado o 22.º na ‘Vuelta’ em 2013, e apontou a “proximidade e muito apoio” como a razão pela qual se adapta melhor, e também uma possível explicação para uma melhor relação dos ciclistas lusos.
“O apoio faz a diferença, em dias maus e bons. Às vezes, estar a chegar e ver uma bandeira portuguesa, ou alguém a apoiar, já é uma motivação extra”, rematou.
Na Movistar, que entra na corrida com dois líderes, o espanhol Alejandro Valverde, campeão em 2009, e o colombiano Nairo Quintana, vencedor em 2016, está Nelson Oliveira, que terá o papel de “trabalhar para a equipa”.
No contrarrelógio, a sua especialidade, Oliveira quererá “dar o máximo”, até porque o primeiro dia, um prólogo de oito quilómetros, pode colocá-lo nos primeiros lugares, mesmo que a prova, um ‘crono’ curto, seja “mais adaptada a outros contrarrelogistas”.
“No outro [na 16.ª etapa, de 32,7 quilómetros], vou ver como chego a esse dia, em que condições físicas”, acrescentou.
À entrada para a prova, o ciclista, quatro vezes campeão português de contrarrelógio e uma de fundo, sente “boas sensações”, numa temporada em que o melhor resultado foi logo a abrir, com um 10.º lugar na geral final da Volta ao Algarve.
De todas as ‘grandes voltas’, a ‘Vuelta’ é aquela em que o atleta de 29 anos se dá melhor, registando um 21.º posto em 2015, ano em que venceu a 13.ª etapa.
Quanto aos favoritos à vitória final, e sem o britânico Chris Froome (Sky) presente, o homem da Movistar vê Valverde e Quintana como candidatos, mas também os italianos Fabio Aru (UAE Team Emirates) e Vincenzo Nibali (Bahrain Merida), ambos antigos campeões, e o colombiano Rigoberto Uran (Education First – Cannondale Drapac), enquanto José Gonçalves vê como decisivas “as etapas de alta montanha”, apesar dos dois ‘cronos’ individuais.
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