Remco Evenepoel ‘explodiu’ hoje para a liderança da 46.ª Volta ao Algarve, ao atacar para vencer a segunda etapa no alto da Fóia, num dia em que Rui Costa (UAE Emirates) subiu a terceiro da geral.
Com uma arrancada fulgurante nos metros finais da subida ao ponto mais alto do Algarve, o jovem da Deceuninck-QuickStep, tido como a grande estrela de futuro do pelotão, confirmou todo o seu potencial, surpreendendo, inclusive, ciclistas experientes como Rui Costa.
“O Remco demonstrou estar muito forte. Surpreendeu-nos a todos, não esperávamos que atacasse tão forte”, desabafou o português da UAE Emirates, que agora é terceiro na geral, a dois segundos do belga.
A Deceuninck-QuickStep voltou a demonstrar ter vindo à ‘Algarvia’ para 'arrasar', somando a segunda vitória e a segunda amarela consecutiva nesta edição e ‘destronando’ a INEOS, que hoje teve uma jornada para esquecer, como a equipa mais poderosa da prova.
Contudo, antes de Remco Evenepoel tomar de 'assalto' a Fóia (Monchique) e a liderança da prova, o protagonismo da tirada coube ao belga Dries de Bondt (Alpecin-Fenix), ao dinamarquês Casper Pedersen (Sunweb) e ao suíço Michael Schar (CCC), que fugiram ao pelotão ao 12.º dos 183,9 quilómetros da etapa, percorrida entre Sagres e a meta e por lá andaram durante quase toda a jornada.
Enquanto o trio da frente tentava que a sua diferença superasse a barreira dos três minutos, a W52-FC Porto procurava demonstrar que é mais do que a melhor equipa nacional, colocando-se na dianteira do pelotão.
O ‘momento de fama’ dos portistas foi efémero e infrutífero, uma vez que a vantagem dos fugitivos só começou verdadeiramente a diminuir quando a UAE Emirates assomou, em bloco, à frente do grupo, com Rui Costa atento nos primeiros lugares.
O ritmo exigente imposto pela equipa dos Emirados Árabes, nomeadamente pelo incansável Joe Dombrowski, condenou a fuga - Pedersen e Schar foram ‘apanhados’ a 21 quilómetros da Fóia, De Bondt já tinha abdicado antes – e conduziu o grupo dos favoritos, ainda compacto, ao início da subida ao ponto mais alto do Algarve.
Miguel Ángel Lopez (Astana) foi o primeiro a testar os demais, com arrancadas intensas e de curta duração, mas foi Simon Geschke (CCC), com um ataque a dois quilómetros, aquele que mais espaço teve para o grupo e que expôs as debilidades de Michal Kwiatkowski, o vencedor de 2018, que hoje perdeu 27 segundos, e da INEOS, que tem o polaco como melhor classificado na geral, na 14.ª posição.
Só que as pretensões do alemão convertido em trepador ‘esbarraram’ em João Almeida, com o português a assumir, sozinho, as despesas da perseguição e a preparar o terreno para o seu colega na Deceuninck-QuickStep atacar.
“Nos últimos quilómetros, o ritmo diminuiu ligeiramente e pensei que era o meu momento. Senti-me bem durante todo o dia, tive uma grande ajuda do meu colega [João Almeida] nos últimos 15 quilómetros e foi ótimo poder finalizar o seu trabalho”, resumiu aquele que é considerado o ‘novo Eddy Merckx’.
A nova coqueluche do ciclismo mundial, que parece cada vez mais ciente do seu potencial como vencedor de corridas de vários dias – há menos de um mês conquistou a Volta a San Juan -, concluiu a tirada em 4:46.38 horas, à frente do alemão Maximilian Schachmann (Bora–hansgrohe), que ainda tentou ultrapassar o belga com um ‘sprint’ no alto.
Em terceiro, à frente de Rui Costa, chegou o irlandês Daniel Martin (Israel Start-Up Nation), que venceu na Fóia em 2017, com ambos a cortarem a meta a dois segundos de Evenepoel. As diferenças na geral são as mesmas registadas no final da segunda tirada, com o jovem da Deceuninck-QuickStep a liderar ‘empatado’ em tempo com Schachmann, e Costa a ser terceiro diante de Martin.
Talvez por ter apenas 20 anos, ou porque o seu currículo ‘recheado’ assim o permite, o campeão europeu de contrarrelógio assumiu uma candidatura à vitória final da 46.ª edição da prova portuguesa, respondendo “penso que não há outra opção”, ao ser questionado sobre se a amarela que hoje enverga é para manter até ao último suspiro desta edição da ‘Algarvia’.
Para já, vai partir com ela vestida, na sexta-feira, para a terceira etapa da 46.ª Volta ao Algarve, uma ligação de 201,9 quilómetros entre Faro e Tavira.
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