Jonas Vingegaard ainda teve esperança que Tadej Pogacar lhe ‘oferecesse’ a 20.ª etapa do Tour, mas, apesar de ter sido segundo, ficou satisfeito por ganhar tempo ao ciclista belga Remco Evenepoel, que é “mais forte” no contrarrelógio.
“De alguma forma, esperava que ele ma oferecesse [a vitória]. Sabia, à partida, que ele tem estado tão forte e que no sprint eu não teria hipótese, porque já estava no limite. Mas podemos sempre ter esperança… É o ciclismo. Não o culpo, provavelmente teria feito o mesmo. Estou feliz com a minha performance de hoje e como recuperei de ontem [sábado]”, declarou.
O ainda bicampeão em título contra-atacou Remco Evenepoel na subida ao Col de la Couillole e levou na roda o camisola amarela, que se escusou a colaborar e também a ‘entregar’ o triunfo na penúltima jornada ao homem que o derrotou nas últimas duas edições do Tour e que, no domingo, subirá ao segundo degrau do pódio pela segunda vez na carreira.
“Estava preocupado mais com ganhar tempo do que com ganhar a etapa. Sentia-me melhor do que ontem. Na sexta-feira, tive um dos meus piores dias na bicicleta. Na última subida, estava completamente esgotado, mas hoje senti-me muito melhor. Tinha boas sensações quando o Remco atacou e, depois desse primeiro ataque, decidi que contra-atacaria na sua próxima aceleração”, revelou.
Apesar de ter sido segundo na etapa, a sete segundos de ‘Pogi’, de quem dista 05.14 minutos na geral, Vingegaard aumentou a diferença para o líder da juventude, que é terceiro a 08.04.
“Evenepoel é melhor contrarrelogista, pelo que nunca sei se será uma vantagem suficiente. Três minutos parecem muita coisa, mas no ano passado ganhei 01.40 [a Pogacar] no contrarrelógio. Facilmente podes perder muito tempo”, destacou.
O campeão mundial da especialidade quis hoje “pressionar” Vingegaard, para ver se conseguia “fazer algo”, mas tanto o dinamarquês como Pogacar “foram mais fortes”, reconheceu, assumindo querer despedir-se em beleza do seu Tour de estreia ao ganhar o ‘crono’ de domingo.
Mas, pela frente, terá um camisola amarela imperial, que, apesar de alertar para os perigos do exercício individual de 33,7 quilómetros entre o Mónaco, onde reside, e Nice, nunca se pode descartar, como se viu hoje, numa etapa em que até tinha ‘autorizado’ o sucesso da fuga.
“Vamos ver. Tenho muito boas pernas, mas penso que amanhã quero apenas chegar em segurança a Nice”, disse Pogacar, depois de hoje a tirada não ter corrido “de acordo com o plano”, mas ter-lhe proporcionado o quinto triunfo nesta edição e o 16.º na prova francesa: “não podia estar mais feliz, outra vitória de etapa”.
O já virtual tricampeão do Tour, que tinha assegurado na véspera querer apenas desfrutar hoje das paisagens que tão bem conhece, ficou surpreso pela “corrida ter ‘explodido’ no Col de Braus”.
“Os nossos rapazes fizeram um trabalho excelente e chegámos todos juntos ao alto. Depois, o [Marc] Soler entrou na fuga, o que foi bom para nós. Tentámos ir o mais tranquilamente possível, para trazer o máximo de rapazes para o final da corrida. Mas a Soudal decidiu tentar ganhar tempo ao Jonas ou ganhar a etapa, o que foi bom para mim”, destacou.
Questionado sobre se as cinco tiradas já conquistadas chegam ou quer mais – até porque no Giro2024 ganhou seis -, ‘Pogi’ respondeu que é “mais do que suficiente”. “Uma já seria suficiente, até a camisola amarela”, completou.
“Se me dissessem [que ganhava cinco etapas] antes do Tour, não acreditaria. É de outro mundo. Estou tão feliz”, congratulou-se.
Vencedor em 2020 e 2021 e segundo nas duas edições passadas, Pogacar teve ainda palavras de elogio para aquele que tem sido o seu grande rival nestes quatro anos o seu grande rival na ‘Grande Boucle’.
“Ele passou uns dias difíceis e hoje mostrou que não quebra facilmente e que é um verdadeiro lutador. Ele deu tudo hoje e correu muito bem”, concluiu
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