Tadej Pogacar chegou a pensar fazer as malas e ir para casa, quando a Jumbo-Visma endureceu o ritmo no Tourmalet, mas acabou a sexta etapa da Volta a França em bicicleta com “a diferença quase perfeita” para Jonas Vingegaard.
“Não diria vingança, mas é ‘doce’ ganhar hoje e recuperar tempo. Sinto-me um pouco aliviado e muito melhor agora”, reconheceu o esloveno da UAE Emirates, depois de ter conquistado a sexta etapa da 110.ª edição, no alto de Cauterets-Cambasque, com 24 segundos de vantagem sobre o seu arquirrival dinamarquês, agora líder da geral.
Após uma jornada em que a Jumbo-Visma muito trabalhou para o ‘eliminar’, Pogacar atacou a 2,7 quilómetros do alto de Cauterets-Cambasque e cruzou a meta, no final dos 144,9 quilómetros desde Tarbes, com o tempo de 03:54.27 horas.
Na zona de entrevistas rápidas, no final da tirada, ‘Pogi’ não hesitou quando questionado sobre se, na véspera, ficou apreensivo por ter perdido mais de um minuto para Vingegaard na quinta etapa.
“Quem não estaria? A exibição que o Jonas deu ontem foi incrível. Quando eles começaram a puxar [hoje] no Tourmalet, pensei ‘m****, se acontecer como ontem, mais vale arrumarmos as malas e irmos para casa’. Felizmente, tive boas pernas hoje, consegui segui-lo confortavelmente no Tourmalet. Quando senti que era o momento certo, no final, ataquei. Foi um grande alívio”, confessou.
Agora, o bicampeão do Tour (2020 e 2021) está a apenas 25 segundos do novo camisola amarela, considerando que “a diferença é quase perfeita e vai ser uma grande luta até à última etapa”.
“É a minha 10.ª etapa… vou atrás de ti, Mark [Cavendish]…”, disparou, antes de soltar uma gargalhada e esclarecer estar a brincar, uma vez que os 34 triunfos do britânico – um recorde que o ciclista da Astana partilha com Eddy Merckx - estão “muito, muito longe”.
Aparentemente, e apesar de ter perdido tempo, também Jonas Vingegaard estava satisfeito por ter reencontrado a amarela que envergou no pódio final da última edição da ‘Grande Boucle’.
“Estou muito feliz por ter a camisola amarela. É sempre bom voltar a estar de amarelo. Claro que esperava ganhar a etapa hoje, mas, no final, o Tadej esteve mesmo forte e mereceu ganhar”, concedeu o dinamarquês.
O campeão em título admitiu que o plano da Jumbo-Visma era testar novamente Pogacar, uma estratégia que não resultou porque “aparentemente” o esloveno “se sentia melhor do que ontem [quarta-feira]”.
Também Vingegaard acredita que vai ser “uma bela batalha” até Paris, onde o Tour acaba em 23 de julho. “Estou ansioso por isso”, completou, revelando estar “onde gostaria de estar” em termos de forma.
Para o dinamarquês de 26 anos, não é demasiado cedo para ter a amarela, que ‘roubou’ a Jai Hindley (BORA-hansgrohe), o oitavo australiano em 110 edições a vestir o ‘maillot jaune’ e o primeiro desde Rohan Dennis, em 2015.
“O que posso dizer? Foi um dia épico, com algumas subidas míticas. Para ser honesto, levei uma ‘tareia’, mas desfrutei. Sabia que queria fazer a minha corrida e, se conseguisse aguentar-me junto dos grandes favoritos… tentei dar o meu melhor”, descreveu o líder da BORA-hansgrohe.
Apesar de ter caído para a terceira posição da geral, Hindley apreciou a sua jornada de amarelo, que o levou a escalar os emblemáticos Aspin e Tourmalet. Agora, está a 01.34 minutos de Vingegaard.
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