A ciclista portuguesa Raquel Queirós chega aos Jogos Europeus Cracóvia2023, que servem como campeonato da Europa de BTT, para competir num ‘cross country’ olímpico que já a levou a Tóquio2020 e que caminha para ‘bisar’ em Paris2024.
Depois do 27.º lugar em Tóquio2020, a transição para o pelotão de elite, aos 23 anos, tem sido “difícil até agora”.
“Não tenho grandes objetivos para a corrida, a verdade é essa. Tenho tido uma época difícil até agora, ainda estou a tentar encontrar o meu lugar na categoria de elite. [Mas] o trabalho está feito e tem sido bem feito. Mais tarde ou mais cedo, os resultados vão aparecer. Não tenho grandes objetivos, mas, como é óbvio, gostaria de estar bem”, resume, em entrevista à Lusa, a ciclista.
Essa adaptação difícil tem tanto que ver com a normal evolução e adaptação de uma ciclista a um novo contexto, ainda para mais a correr pela estrangeira MMR Factory Racing, como com uma mudança de formato nas Taças do Mundo.
Além do ‘cross country’ olímpico, ou XCO, habitualmente no domingo, o pelotão em cada uma dessas provas atravessa uma corrida denominada ‘short track’, ou ‘cross country’ curto, um esforço “curto, mas super intenso”, ao qual sente que o corpo “ainda não está habituado”.
“Ainda não estou a conseguir dar bem a volta em situações complicadas, dias em que não estou tão bem fisicamente ou tão recuperada. Sinto que ainda tenho um longo caminho por percorrer a nível psicológico e mental, e tenho de trabalhar esse ponto um bocadinho mais”, acrescenta.
No primeiro ano de elite, “muito diferente das sub-23”, quer “ir aprendendo, porque a experiência é super importante”, e deixa a confiança de que “no final do ano será melhor do que agora”.
Questionada sobre se o apuramento para Tóquio2020 chegou cedo demais, reconhece que pode ter acontecido “um bocadinho”, e mesmo que tenha “o seu lado positivo”, “acrescenta sempre um bocadinho de pressão”.
Para depois dos Europeus da categoria, “há um longo calendário”, entre os Mundiais, um “objetivo pessoal”, as Taças do Mundo restantes e, depois, um evento de teste da sua modalidade em Paris.
“Será um dos meus objetivos, sobretudo para poder ir e adquirir o máximo de informação acerca dos Jogos Olímpicos e da pista”, atira.
Longe de Cracóvia, em Krynica-Zdrój, os ciclistas perdem “uma parte importante, a de conviver com pessoas de outros desportos”, mas para a atleta natural de Guilhabreu, Vila do Conde, essa experiência já a passou em Tóquio2020, numa “mini-aldeia” para a modalidade.
Em relação aos Jogos Olímpicos, o caminho para Paris2024 (que no ciclismo é por quota e não por atribuição nominal) “tem corrido bem”, com a ‘fatia de leão’ feita pela jovem.
“Tenho feito bastantes corridas e já amealhei bastantes pontos para o apuramento olímpico. Ainda não estamos 100% seguras no lugar, mas estamos a trabalhar para isso”, garante.
Na pista de Krynica-Zdrój, Portugal terá Raquel Queirós em ação a partir das 11:30 locais (10:30 em Lisboa), com Ricardo Marinheiro, de 31 anos, em ação na prova masculina, pelas 14:15 em Cracóvia.
Portugal soma até ao momento oito pódios em Cracóvia2023, nomeadamente três ouros, três pratas e dois bronzes.
A terceira edição dos Jogos Europeus decorre até 02 de julho em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, entre eles Portugal, que possui uma delegação com mais de duas centenas de atletas.
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