Acabou por ser um Giro carregado de história e emoção para João Almeida. O ciclista português de 22 anos (Deceuninck–Quick-Step) até nem era primeira opção para a prova italiana mas acabou por ser chamado e não desiludiu. Terminou em 4.º lugar, depois de ter liderado a prova durante duas semanas.
Mas não foi só João Almeida que deu cartas. Rúben Guerreiro também fez história ao ganhar uma etapa e ao ser o primeiro português a conquistar uma camisola numa Grande Volta, neste a caso a azul, de rei da Montanha.
Contrarrelógio inicial deu logo boas indicações
Logo no prólogo de abertura da Volta a Itália, João Almeida foi segundo classificado, na primeira etapa na estreia numa grande volta. Almeida cumpriu os 15,1 quilómetros entre Monreale e Palermo , ao gastar mais 22 segundos do que o italiano Filippo Ganna (Ineos), campeão do mundo de contrarrelógio, que se tornou no primeiro camisola rosa do Giro.
Almeida chega à rosa no dia da implantação da República
Foi em dia de feriado em Portugal, 5 de outubro, dia de implantação da República e do fim da Monarquia. 110 anos depois e um ciclista português tentava dar um abanão à modalidade e mostrar que temos ciclista para o futuro. Foi nesse dia que Almeida conquistou a camisola rosa, após a terceira etapa que terminou no topo do Monte Edna e acabou por ser conquistada pelo equatoriano Johnatan Caicedo (Education First). O ciclista de 22 anos imitava assim o feito de Acácio da Silva, 31 anos depois. Emocionado, o jovem das Caldas da Rainha explicou aos jornalistas que ainda não conseguia "acreditar" no que tinha acabado de fazer. "Estou superfeliz, sem palavras", atirou.
Primeiro dia com a camisola vestida
A quarta etapa foi ganha ao sprint pelo francês Arnaud Démare (Groupama-FDJ), no primeiro dia em que Almeida envergou a rosa. "É importante poder estar mais um dia de rosa. Foi um dia muito especial e estou muito feliz", disse João Almeida, que admitiu: "Foi um dos melhores momentos da minha vida”
Terceiro lugar e com mais um segundo na liderança
João Almeida (Deceuninck Quick-Step) cruzou a linha de meta da sexta etapa do Giro d'Itália em 3.º lugar, beneficiando dos segundos de bonificação na chegada a Camigliatello Silano e reforçou a liderança da prova italiana, numa etapa conquistada pelo italiano Filippo Gama. O português passava assim assim a contar com 43 segundos de vantagem sobre o espanhol Pello Bilbao (Astana), 2.º, e com 48 segundos sobre o holandês Wilco Kelderman (Sunweb).
Arnaud Démare vencia, João Almeida conservava a liderança
Arnaud Démare vencia a sua segunda etapa no Giro, numa etapa plana entre Matera e Brindisi, ao longo de 143 quilómetros. Démare, que já tinha vencido a quarta tirada, triunfou nos 188 quilómetros entre Castrovillari e Matera, após 4:54.38 horas, num ‘sprint'. Na geral individual, João Almeida cortou a meta no 25.º lugar, integrado no pelotão e seguia com a camisola de líder vestida.
Almeida voltava a segurar o símbolo do Giro
Numa etapa dura entre Giovinazzo a Vieste (oitava etapa) e com a extenção de 200 quilómetros, João Almeida manteve a rosa, numa etapa ganha por britânico Alex Dowsett. O ciclista português chegou em 17.º.
A etapa 9 foi sinónimo de história para o ciclismo português, com a vitória de Rúben Guerreiro e a rosa de João Almeida
Acabou por ser um domingo histórico para o ciclismo português, com Rúben Guerreiro a vencer a nona etapa da Volta a Itália, depois de integrar uma fuga onde acabou por saborear o sucesso, triunfando em Roccaraso. Guerreiro cumpriu os 208 quilómetros entre San Salvo e Roccaraso em 5:41.20, batendo o espanhol Jonathan Castroviejo. João Almeida, foi 19.º, a 1.56 do compatriota, perdendo algum tempo para os seus mais diretos perseguidores, mas manteve a camisola rosa de líder. Sobre a liderança, Almeida confessava não ter estar crente na possibilidade de manter a rosa até ao final do Giro: "Gostava de manter a camisola rosa até lá, mas não sei se isso será possível. Sinceramente, não acredito muito nessa possibilidade", assinalou.
Depois do dia de descanso, Almeida manteve a rosa em dia de triunfo para Peter Sagan
O português João Almeida (Deceuninck-Quick Step) reforçou na 10.ª etapa a liderança da Volta a Itália em bicicleta, ao chegar em terceiro numa 10.ª etapa em que o eslovaco Peter Sagan (BORA-hansgrohe) venceu isolado. Na geral, o português alargou para 34 segundos a vantagem para o holandês Wilco Kelderman (Sunweb), segundo, e 43 para o espanhol Pello Bilbao (Bahrain-McLaren), terceiro.
A quarta para Arnaud Démare em nova noite de rosa garantida para o português
Numa percurso entre Porto Sant'Elpidio e Rimini, Arnaud Démare venceu a quarta etapa nesta edição do Giro, numa tirada de 182 quilómetros. Almeida cortou a meta em 22.º lugar e manteve-se na liderança.
João Almeida mantém-se de rosa no dia da vitória de Narváez
Almeida ia resistindo na camisola rosa, conservando-a no final da 12.º etapa ganha pelo equatoriano Jhonatan Narváez (INEOS). Narváez, de 23 anos, cumpriu os 204 quilómetros num dia com partida e chegada em Cesenatico em 5:31.24 horas, João Almeida cortou a meta em nono em mais uma demonstração de força. No final da etapa, o português destacou a motivação especial pelo facto dos pais estarem a acompanhar a volta 'in loco'. "É uma motivação extra ter os meus pais, sentir um pouco de casa aqui, mesmo que me sinta muito bem com a equipa", referiu.
João Almeida fez segundo na 13.ª etapa e ficou a segundos da vitória
A liderança no Giro não deslumbrava João Almeida que continuava a resistir e a dar provas da sua capacidade. Na 13.ª etapa foi segundo numa tirada ganha por Diego Ulissi num apertado sprint com o português. Graças à bonificação garantida com esse segundo posto aumentou um pouco mais a vantagem para os mais diretos perseguidores no topo da classificação. Apesar da rosa, Almeida não escondeu uma certa desilusão pelo resultado..."Estou um pouco dececionado. A minha equipa tem sido fantástica e hoje merecia a vitória. Fizemos o nosso melhor. Também estou feliz porque ganhei alguns segundos, mas o objetivo principal era a vitória da etapa", atirou.
Novo contrarrelógio e um português voltava a vestir de rosa
Em novo contrarrelógio João Almeida voltou a dar cartas ao obter o sexto lugar na 14.ª etapa, num percurso ganho novamente pelo surpreendente Filippo Ganna (Ineos). Na geral individual, o português, de 22 anos, aproveitou o bom registo, a 1.31 do vencedor, para ganhar tempo a quase todos os adversários. Apesar do dia favorável, Almeida relembrava que ainda havia "um caminho longo até Milão".
Dia de sofrimento para Almeida, que permitiu aproximação dos adversários
João Almeida segurou a liderança do Giro, numa etapa ganha por Tao Geoghegan Hart (INEOS), que viria a ser o vencedor do Giro. Almeida acabou por sofrer num percurso entre Rivolto e Piancavallo, perdendo 35 segundos para Kelderman (Sunweb), terminando a etapa na quarta posição. O português reconheceu que acabou por ser um "festival de sofrimento" na subida.
Ao segundo dia de descanso no Giro, o jovem líder da prova admitia que os adversários já olhavam para si de outra forma: "Isso mudou, sim. Vamos ver como é que esta semana corre", atirava em entrevista.
A 16.ª serviu para Almeida ganhar um par de segundos na liderança
A 16.ª etapa serviu para João Almeida ganhar um par de segundos na liderança da 'maglia rosa' num dia em que Jan Tratnik, da Bahrain-McLaren cortou a meta à frente de todos. A escassos metros da meta, Almeida fugiu e ainda ganhou dois segundos a Wilco Kelderman, dando mostras de que estava na prova para manter a rosa até ao fim.
Na 17.ª, Almeida pensava que ia perder a rosa na véspera do Stelvio
Foi com muita alegria que João Almeida conseguiu manter à 17.ª etapa a liderança do Giro, dada a pequena margem para Wilco Kelderamn (Sunweb), conseguindo o português anular os ataque do holandês. A tirada que terminou com uma subida até Madonna di Campiglio, acabou por ser ganha pelo australiano Ben O'Connor. Almeida somava assim 15 dias de rosa.
Stelvio não foi amigo e não se pode ser super todos os dias
Foi na etapa rainha do Giro que João Almeida acabou por deixar cair a liderança do Giro por troca com o holandês Wilco Kederman, descendo para o quinto lugar da geral. O australiano Jain Hindley acabou também por 'roubar' ao português a camisola branca da juventude, depois de vencer a etapa ao cabo de 6:03.03 horas, necessárias para percorrer os 207 quilómetros entre Pinzolo e Laghi di Cancano, à frente do britânico Tao Geoghegan Hart (INEOS), segundo. O português não conseguiu ser tão forte, num dia que incluiu a 'Cima Coppi', ponto mais alto do Giro, no caso o Stelvio, a 2.758 metros. Apesar de algum dissabor para as cores lusas, foi nesta etapa que Rúben Guerreiro assegurou a camisola azul de líder da montanha. O ciclista da EF foi 1.º, ficando com 112 pontos de vantagem sobre Thomas De Gendt, numa altura em que faltavam disputar 98 pontos, Rúben Guerreiro apenas precisava de terminar a Volta para ser o vencedor da montanha. No dia em que deixou a Rosa, Almeida mostrou-se orgulhoso do trabalho, reconhecendo que os adversários acabaram por melhores: "Não se pode ser ‘super' todos os dias, e hoje eles estavam mesmo muito fortes", atirou.
O contrarrelógio que permite perceber que teremos um ciclista para Grande Voltas no futuro
Foram três semanas memoráveis para o ciclismo português, com a camisola azul de Rúben Guerreiro, uma vitória numa etapa e com o quarto lugar de João Almeida, arrecadado no contrarrelógio final. Na etapa, o italiano Filippo Ganna (INEOS), campeão do mundo de contrarrelógio, 'voou' para a sua quarta vitória na Volta a Itália em bicicleta de 2020 na 21.ª e última etapa da prova, confirmando-se como uma das figuras de um Giro que coroou o seu colega de equipa britânico Tao Geoghegan Hart como grande vencedor.
Já João Almeida fechou com chave de ouro o Giro, com um quarto lugar que lhe permitiu ultrapassar o espanhol Pello Bilbao (Bahrain-McLaren). Na geral final, que Hart conquistou à frente do australiano Jai Hindley (Sunweb) por 39 segundos, o holandês Wilco Kelderman (Sunweb) acabou em terceiro, a 1.29 minutos, e João Almeida ficou a 2.57.
O que poderemos dizer então de João Almeida num Giro que ficou inscrito com as cores portuguesas. Uma quarto lugar histórico para um ciclista que não tinha lugar assegurado na prova italiana e foi chamado como último recurso. Impressionante é também a regularidade do atleta de 22 anos que não terminou nenhuma etapa abaixo do 28.º lugar. Nota de destaque para Guerreiro que foi o primeiro português a conquistar uma camisola em Grandes Voltas.
À chegada a Lisboa, Almeida reconheceu que ainda não sabe bem o que fez no Giro, mas o que é facto é que deixou os portugueses a sonhar com o futuro e quem sabe com uma vitória numa das três Grandes Voltas nos próximos anos.
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