Pela primeira vez nos 110 anos de história da Volta a França há um ciclista africano vestido de amarelo e o mérito é do sul-africano Daryl Impey (Orica-GreenEdge), que hoje sucedeu ao colega Simon Gerrans na liderança da geral.
Em Montpellier, onde o alemão André Greipel (Lotto-Belisol) venceu o seu duelo particular com Mark Cavendish, o destaque acabou por ser Impey, que soube fugir a um corte no pelotão para herdar o primeiro lugar de Gerrans e tornar-se o primeiro africano a subir ao pódio de amarelo em 100 edições.
«É uma experiência inacreditável. Se me dissessem que estaria a usar isto, diria que estavam a delirar. É um momento especial para mim e para o ciclismo africano», confessou o sul-africano depois de descer do pódio.
Com 176,5 quilómetros, a sexta jornada do Tour foi surpreendentemente atípica: não houve longas fugas – Luis Maté (Cofidis) escapou, mal Christian Prudhomme acenou a bandeira da partida em Aix-en-Provence, mas foi apanhado 44 quilómetros depois -, nem ataques nos quilómetros finais, mas houve azares distribuídos pelos homens mais rápidos.
Primeiro foi o camisola verde, Peter Sagan (Cannondale), a debater-se com um problema mecânico que o obrigou a parar, depois foi Mark Cavendish (Omega Pharma-Quickstep) a cair, numa confusão que envolveu vários ciclistas da Belkin.
As incidências da etapa ficaram-se por aí, pelo menos, até à reta final, em Montpellier, altura em que a preparação do sprint deu origem a um corte no pelotão, que apanhou não só o então camisola amarela, Simon Gerrans, mas também os candidatos à geral, e provocou uma “penalização” de cinco segundos.
Na frente, apenas 16 ciclistas escaparam e foram eles que discutiram entre si a etapa. Cavendish foi o primeiro a lançar-se, mas um desvio de trajetória inocente de Gregory Henderson tapou o campeão britânico e abriu portas para o triunfo do seu colega de equipa André Greipel.
Eternamente tapado por “Cav”, o homem que viveu na sua sombra nos anos da Team Columbia poucas vezes conseguiu vencer no duelo com o seu maior rival, mas hoje soube colocar-se melhor, escolher a roda certa, cortando a linha com uma margem tão confortável que lhe permitiu esticar-se na bicicleta e comemorar efusivamente a vitória.
Ciclista de poucas palavras, mais racional do que emocional, o frio Greipel não esboçou sorrisos por ter chegado à frente de Sagan, Marcel Kittel (Argos-Shimano), vencedor da primeira etapa, e, sobretudo, de Cavendish, mas assumiu a alegria que sentiu com a conquista da sua quinta vitória na Volta a França.
«Foi uma etapa muito nervosa, mas sabia que se nos mantivéssemos juntos eu podia ganhar», disse.
O único senão para o ciclista da Lotto-Belisol foi mesmo ver o seu feito ser ofuscado pelo estatuto de fazedor de história de Impey, o discreto sul-africano de 28 anos, que até hoje tinha como melhor resultado o triunfo na Volta à Turquia de 2009.
Agora sou o primeiro em alguma coisa», brincou.
Para que Impey pudesse ser o novo líder, outros tiveram de perder cinco segundos, caso de todos os candidatos da geral e do português Rui Costa (Movistar). Sérgio Paulinho (Saxo-Tinkoff) perdeu ainda mais tempo, sendo 152.º na etapa, a 03.58 minutos do vencedor.
Na sexta-feira, disputa-se a sétima etapa, entre Montpellier e Albi, na distância de 205,5 quilómetros.
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