A 104.ª edição da Volta a Itália em bicicleta arranca no sábado para 21 etapas em que a exigência das subidas, dois contrarrelógios e poucas oportunidades para relaxar assinalam o regresso ao espaço normal do calendário.
Depois de uma temporada ‘virada’ pela pandemia de covid-19, com o Giro na segunda metade do ano, a prova regressa ao ‘familiar’ maio rosa, cor da camisola de líder da geral, para encontrar o sucessor de Tao Geoghegan Hart (INEOS).
O britânico não volta para defender o cetro, mas quem quiser aspirar a vencer a ‘corsa rosa’ terá dezenas de milhares de metros acumulados de subida, apenas dois contrarrelógios, a abrir e fechar, e os candidatos à ‘maglia ciclamino’, a camisola dos pontos, também terão de estar atentos a possíveis cortes, fugas ou outras disrupções da ordem.
A corrida abre em Turim, com um contrarrelógio curto, de 8,6 quilómetros, para fazer as primeiras diferenças, no regresso à cidade que recebeu o primeiro dia da ‘corsa rosa’ em 1961 e 2011.
Os ‘sprinters’ terão, ao todo, um total de cinco possibilidades de disputarem uma chegada em pelotão compacto, sem prejuízo de uma fuga ‘vingar’ ou de um ‘puncheur’ se impor, mas é a montanha, entre os dois ‘cronos’, que marca a 104.ª edição.
Como é tradição, o Giro posiciona-se como a mais dura das três grandes Voltas, com as montanhas a aparecerem de forma mais tímida nos primeiros dias antes de chegarem rumo a Ascoli Piceno, na sexta etapa.
É curta, com 160 quilómetros, mas 3.400 metros de acumulado e a subida a San Giacomo, e antecede as dificuldades da nona etapa, a primeira que vai testar realmente os candidatos à ‘maglia rosa’.
Entre estradas de terra e várias subidas complicadas, algumas sem sequer serem categorizadas, o dia será o primeiro grande teste e poderá já afastar alguns nomes, antes de nova jornada de corrida, na segunda-feira, com os dias de descanso ‘empurrados’ para terça-feira.
O regresso dá-se com 35,2 quilómetros de ‘strade bianche’, algo muito aguardado pelos adeptos, a caminho do ‘exigente’ Montalcino, naquele que será um dos dias mais difíceis da prova.
Segue-se mais subida, nos Apeninos, a caminho de Bagno di Romagna, um último dia para os ‘sprinters’, na chegada a Verona, entrando depois o Giro de novo nas montanhas, com uma ascensão de Cittadella até ao topo do Monte Zoncolan.
É feita pelo lado mais difícil, mas o Zoncolan não deixa de ser mítico na ‘corsa rosa’, e deixará não mais do que um punhado de candidatos à vitória final ainda ‘intactos’, com algumas oportunidades para fugas vingarem até ao final.
A etapa rainha, e também o dia que tem a ‘Cima Coppi’, o ponto mais alto da corrida, coincidem na 16.ª tirada, entre Sacile e Cortina d’Ampezzo: 212 quilómetros com 5.700 metros de acumulado pelos Dolomitas, antes do dia de descanso, incluindo La Crosetta, o Passo Pordoi, o ponto mais alto, e ainda o Passo Giau, acabando em descida.
Depois do segundo dia de descanso, a corrida volta ao perfil ondulado e a duas subidas na 17.ª tirada, uma delas pelo Passo di San Valentino, antes da ascensão até à meta em Sega di Ala, com as planícies da Lombardia a abrirem a possibilidade para ‘sprinters’ ou outros homens rápidos.
Antes do ‘crono’ em Milão, de 30,3 quilómetros, as últimas duas etapas de pelotão têm regressos de subidas, como o Mottarone, que não aparecia desde 2011, ou o Passo della Colma, mas também Alpe di Mera, uma passagem pela Suíça a caminho de Alpe Motta, entre outras dificuldades.
O fim, contra o relógio, em 30 de maio, coloca cada candidato a valer por si mesmo, com uma extensão que é o dobro do exercício que concluiu a edição de 2020 e coroou o britânico Tao Geoghegan Hart (INEOS).
Participam na prova três portugueses: João Almeida (Deceuninck-QuickStep), quarto na geral final de 2020 e líder por 15 dias seguidos, Ruben Guerreiro (Education First-Nippo), vencedor da montanha e de uma etapa no ano passado e Nelson Oliveira (Movistar).
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