É dentro de ‘casa’ que o ciclista da Soudal Quick-Step encontra alguns dos maiores rivais, numa seleção em que coabitam as pretensões de Wout van Aert, sobretudo depois de ter desistido da Volta a França para assistir ao nascimento do segundo filho, mas também de Jasper Philipsen, o grande dominador dos sprints no último Tour, que, numas declarações algo polémicas, alegou que não seria capaz de perseguir o amigo neerlandês Mathieu van der Poel, seu colega na Alpecin-Deceuninck e outro dos principais candidatos.
Se o ainda campeão mundial e Van Der Poel assumem papel de destaque, menos não poderá ser dito do esloveno Tadej Pogacar, quase ‘omnipresente’ no pódio nos últimos anos nas principais corridas em que participa e a regressar de uma paragem para recuperar de fadiga, após ter sido segundo na Volta a França.
Evenepoel chega, no domingo, à prova ‘estrela’ dos Mundiais de Glasgow após uma temporada ‘agridoce’ com a camisola arco-íris vestida, repartida entre triunfos importantes, como ainda no sábado na Clássica de San Sebastián, onde venceu pela terceira vez, um recorde, ou o segundo consecutivo na Liège-Bastogne-Liège, e desilusões, a maior de todas na Volta a Itália, que abandonou quando liderava devido à covid-19.
Van der Poel, por seu lado, terá quase de certeza um Mundial melhor do que em 2022, em que foi detido por uma altercação no hotel no dia anterior à corrida de fundo, procurando levar a melhor aos rivais, o maior de todos Wout van Aert, outro dos fortes candidatos.
‘MVDP’ procura subir ao pódio também na corrida de ‘cross country’ olímpico, que não terá o britânico Tom Pidcock, um ‘natural’ favorito nessa e na prova de fundo.
Sem o vencedor da Volta a França deste ano, Jonas Vingegaard, os dinamarqueses apoiam-se em Mads Pedersen, campeão em 2019, e o francês Julian Alaphilippe, campeão do mundo em 2020 e 2021, é uma das opções dos gauleses, ao lado de Christophe Laporte.
A correr em casa, os britânicos apostam no galês Geraint Thomas, bicampeão olímpico noutras disciplinas, vencedor da Volta a França em 2018 e segundo no Giro2023, enquanto o norueguês Tobias Foss é a aposta da sua seleção essencialmente para o ‘crono’ de dia 11.
O surpreendente campeão mundial do contrarrelógio de 2022 terá de novo concorrência de peso no exercício de 47,8 quilómetros, seja de Thomas ou do italiano Filippo Ganna, numa luta da qual não se podem excluir os próprios Evenepoel, Van Aert ou Ethan Hayter, também dos ‘anfitriões’.
Neste exercício, também os portugueses poderão ter uma palavra a dizer para o top 10, dado que Nelson Oliveira e João Almeida, os dois escolhidos do quarteto que participará na prova de fundo, apresentam créditos firmados na especialidade.
De fora dos Mundiais está o eritreu Biniam Girmay, devido a uma lesão anunciada no mesmo dia em que circularam notícias de que ter-lhe-ia sido negado visto de entrada no Reino Unido para a prova.
A corrida de fundo masculina de elite, que sai de Edimburgo até Glasgow, tem 271,1 quilómetros e uma primeira metade com uma subida antes da entrada num circuito.
Na elite feminina, a grande narrativa prende-se com a saída de cena da lenda neerlandesa Annemiek van Vleuten, que se retira aos 40 anos após os Mundiais, num 2023 em que venceu o Giro e a Vuelta e foi quarta na Volta a França.
A corrida de 12 de agosto, que encerra o evento como um todo, é um dos objetivos da veterana, que quer defender o ouro de 2022 e também aspira ao título do contrarrelógio, assim como as compatriotas Marianne Vos, Demi Vollering e Lorena Wiebes.
Pela Bélgica, Lotte Kopecky é o nome mais óbvio para contrariar o favoritismo dos Países Baixos, mas chegará já depois de participar nos Mundiais de pista, em que é campeã do Mundo de eliminação, enquanto a norte-americana Chloe Dygert, outra ‘pistard’, aspira ao título do contrarrelógio.
Os Mundiais de Glasgow contam ainda com corridas dos escalões sub-23 e juniores, além de uma estafeta mista em elite, com Portugal representado por João Almeida, Nelson Oliveira, Ruben Guerreiro e André Carvalho em elites.
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