O ciclista português Ivo Oliveira fechou a temporada da melhor forma, com um bronze nos Mundiais de pista, na perseguição individual, em ano de regresso após um fémur partido e pouco antes de voltar a ser operado.

“Se me dissessem no início do ano que ia estar aqui a ganhar uma medalha e a discutir o pódio do madison, não acreditava. (...) Fico feliz com a minha recuperação, e acabei com chave de ouro”, declarou.

Em entrevista à Lusa, o corredor de 26 anos, natural de Vila Nova de Gaia, lembra como vinha de “praticamente um ano sem correr, com a fratura no fémur”, e como começou 2022 “um bocado atrasado” em relação ao restante pelotão de estrada, em que representa a equipa de WorldTour da UAE Emirates.

“Sofri um bocado nas primeiras corridas. Tentei ganhar forma e lugar na equipa, para fazer uma grande Volta. E acabei muito bem, consegui fazer a Vuelta”, conta o detentor de duas medalhas em Mundiais e quatro em Europeus de elite.

Em Espanha, trabalhou para o terceiro lugar do espanhol Juan Ayuso e o quinto do compatriota João Almeida, mas também nas chegadas ao ‘sprint’, comprovando como foi seguindo em crescendo.

Essa tendência do primeiro português a vencer uma medalha em Mundiais de pista de elite confirmou-se em nova edição destes campeonatos, em Saint-Quentin-en-Yvelines, com o bronze na perseguição individual, de que tinha sido ‘vice’ mundial em 2018.

Todo o ano de 2022 “não foi fácil”, apesar dos bons resultados, com a recuperação da lesão a pesar.

“Ainda sinto dores em algumas provas, nos treinos. Agora vou fazer outra cirurgia, quando acabarem os Mundiais, para remover os parafusos. (...) Em princípio é uma coisa simples, apenas remover os parafusos, e depois de um mês já devo estar na estrada”, revela.

Se na estrada quer “dar um passo ainda maior”, afirmando-se e “quem sabe discutir algumas corridas”, na pista partilha o mesmo objetivo da seleção, que ficou “tão perto em Tóquio2020” do apuramento, no masculino, mas se estreou com Maria Martins, com um sétimo lugar no omnium, concurso em que logrou agora o bronze nos Mundiais.

Paris2024 será disputado nas mesmas tábuas em que passou os últimos dias, com um sexto lugar no ‘olímpico’ madison ao lado do irmão gémeo, Rui, que conta para o ‘ranking’ mundial, a caminho de 2023, primeiro ano da qualificação.

Pede “apoios”, para lá do Comité Olímpico de Portugal, uma ideia que reforça ao longo dos campeonatos do mundo, porque o grupo em que se insere tem “paixão pela pista” e a vontade e ambição de conseguir mais resultados de destaque, ainda que lembre a necessidade de continuar a trabalhar como até aqui.

“Estamos entre os melhores do mundo, provámos isso nas Taças do Mundo, estamos sempre no top-5. Só mostra que podemos ambicionar medalhas nos Jogos Olímpicos. Antes das medalhas, temos de nos qualificar, e para isso há muito a fazer”, avisa.