O velejador João Rodrigues, o desportista português com mais presenças olímpicas, enalteceu esta quarta-feira os “resultados incríveis de um sem número de atletas nacionais” nos últimos meses, mas recordou que “os Jogos são os Jogos”.
“Nos últimos meses, até no último ano, dois anos, temos assistido a resultados incríveis de um sem número de atletas nacionais. Obviamente que isto nos traz algumas expectativas, mas os Jogos são os Jogos, vamos dar-lhes tempo e espaço para que possam expressar o seu potencial nos Jogos e, se conseguirem uma medalha, melhor. Tenho a certeza que todos vão dar o tudo por tudo para estarem na melhor forma ali e poderem ser a melhor versão de si mesmos”, antecipou.
Recordista de presenças em Jogos Olímpicos, com sete participações ininterruptas entre Barcelona1992 e o Rio2016, João Rodrigues vai ‘falhar’ pela primeira vez o evento, já que em Tóquio2020 esteve na capital japonesa na qualidade de adido olímpico, mas diz estar resolvido quanto a esta ‘ausência’.
“Já tive muitas oportunidades, tive oportunidade de ser um atleta perfeitamente amador, depois profissional, depois lidar com o fim de carreira, e tive o privilégio de terminar a minha carreira nos Jogos Olímpicos. A última regata que fiz foi nos Jogos Olímpicos [no Rio2016], foi a cereja no topo do bolo, e ter sido porta-estandarte foi absolutamente fantástico”, recordou.
O antigo velejador, agora com 52 anos, falava com os jornalistas junto ao rio Sena, em Paris, um dos cenários de uma sessão de fotos de desportistas olímpicos nacionais com os trajes e equipamentos que Portugal vestirá em Paris2024 e que foram primeiramente apresentados na terça-feira, em Lisboa.
“É um assunto perfeitamente resolvido em mim. Traz-me, acima de tudo, muita alegria ter mais uma vez o privilégio de estar envolvido, agora de uma forma ligeira. Acho os trajes muito bonitos, desta vez acertaram mesmo na ‘mouche’, só tenho pena de não ir aos Jogos por não os poder usar [risos]. Não é um assunto que me perturbe, vou gostar muito de os ver agora sentadinho no sofá e a torcer pelos nossos atletas”, admitiu.
Ainda assim, o também ex-presidente da Comissão de Atletas Olímpicos “adorava” regressar a Paris durante os Jogos Olímpicos, agendados entre 26 de julho e 11 de agosto.
“Por acaso, gostava mesmo. Já estive em Paris, gosto muito da cidade e gostava realmente de vir cá. Mas já tive tantas oportunidades de estar nos Jogos Olímpicos... acho que é altura de dar o lugar a outros”, reiterou, sem esconder que “obviamente” também gostava de dar um saltinho a Marselha, onde vão decorrer as provas de vela.
Nos Jogos Olímpicos franceses, Portugal estará representado por Eduardo Marques (em ILCA 7), Diogo Costa e Carolina João (470 mistos) e Mafalda Pires (kite).
“Já velejei em Marselha e sei como pode ser muito desafiante, mas também muito bonito. […] Vou falar com eles antes de irem a Marselha, se puder lá estar presente, melhor”, pontuou.
O desportista português com mais presenças olímpicas deixou ainda uma mensagem para os atletas que vão estar em Paris2024: “Nem sempre fui bem compreendido quando disse isso, mas adorava que se divertissem. A minha definição de diversão é ser o mais profissional possível, fazer algo, se possível, na perfeição, que possam transcender-se e sair de lá com a sensação de que fizeram o melhor que sabiam e podiam”.
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