A antiga basquetebolista portuguesa Ticha Penicheiro considerou hoje que o trabalho desenvolvido por Neemias Queta nas vésperas do ‘draft' será determinante para o poste converter-se no primeiro luso a disputar a liga norte-americana (NBA).
"Aquilo que o Neemias fez na universidade foi muito bom para dar nas vistas, mas o mais importante agora são os ‘workouts' - treinos individuais privados que o agente dele com certeza irá marcar com as diferentes equipas da NBA que o quiserem treinar. Isso vai ditar se realmente consegue ser eleito no ‘draft'", referiu à Lusa a empresária de jogadoras, que nos anos 90 foi, em conjunto com Mery Andrade, a única portuguesa na liga norte-americana feminina (WNBA).
Em época de estreia nos Estados Unidos, Queta, de 19 anos e 2,11 metros de altura, entrou diretamente no ‘cinco' inicial dos Utah State Aggies, da Universidade de Utah State, e tornou-se uma das figuras do campeonato de basquetebol universitário dos Estados Unidos.
Ao longo de 35 encontros, o dono da camisola 23 da formação da cidade de Logan contabilizou médias de 11,8 pontos, 8,9 ressaltos, 2,4 desarmes de lançamento e 1,6 assistências, tendo sido eleito o melhor defesa da temporada e o melhor caloiro do torneio da conferência ‘Mountain West', que os Aggies conquistaram em 16 de março, depois de terem ganho a fase regular, derrotando na final San Diego State, por 64-57.
O sucesso regional confirmou um lugar na fase final da NCAA, mais conhecida por ‘March Madness' (Loucura de Março, em tradução livre), na qual os Utah State não estavam desde 2011, ano que foram também campeões da sua conferência pela última vez. Os Aggies, que há três épocas consecutivas incluem outro português suas nas fileiras, o base Diogo Brito, tiveram entrada direta na segunda eliminatória, mas cederam logo diante dos Washington Huskies, por 78-61.
Três semanas depois, em 13 de abril, após diversos observadores priorizarem a sua escolha nas rondas iniciais do ‘draft' de 2019, o internacional sub-20 português declarou-se disponível para o evento anual que se realiza em 20 de julho, em Nova Iorque, servindo como principal porta de entrada de universitários ou estrangeiros numa das 30 franquias da NBA.
"Tem físico e é muito atlético [2,24 metros de mão a mão e um alcance vertical de 2,90 metros], dois ingredientes muito importantes para quem joga na NBA e para os olheiros que andam atrás de jogadores que eventualmente possam competir ao mais alto nível. Tecnicamente é muito bom, mas claro que ainda está ‘verde' e tem muito a aprender", analisou Ticha Penicheiro, residente em Miami, no estado da Florida, que só teve oportunidade de ver jogar Neemias Queta no derradeiro encontro efetuado pelos Aggies na NCAA.
Entre saltar para a elite depois de um ano na universidade ou permanecer por mais uma temporada em Utah State, a ex-atleta de Sacramento Monarchs, Los Angeles Sparks e Chicago Sky prefere enaltecer a "dinâmica" demonstrada pelo jovem formado no Barreirense e no Benfica, mostrando-se "feliz" com a oportunidade de ouro que o basquetebol português dispõe de escrever história em breve.
“Se voltar à escola, tem de estudar e fazer exames. Se for profissional, é pago para jogar basquetebol e fica com mais possibilidades de poder investir em treinadores que possam ajudá-lo a dar esse passo final. É muito bom haver um português com a dinâmica dele. Como amante do basquetebol, sinto-me feliz com a oportunidade de o Neemias poder vir a ser o primeiro português de sempre a entrar na NBA", concluiu.
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