No Estádio do Dragão brilhou um nome: Rodrigo Mora. Com dois golos, um deles de levantar o estádio, o jovem avançado foi a figura maior de um FC Porto mandão, autoritário e eficaz frente a um Famalicão que raramente conseguiu respirar. A vitória por 2-0 é justa e até escassa, face à avalanche ofensiva portista, travada várias vezes por um superlativo Carevic.

O FC Porto foi senhor do jogo nos primeiros 45 minutos e foi com justiça que recolheu aos balneários em vantagem. Com bola, pressão alta e um golo que nasceu da persistência e da qualidade individual, os dragões dominaram grande parte da primeira metade, mas encontraram num nome improvável – Carevic – um obstáculo de respeito.

Logo aos 2 minutos, os azuis e brancos deixaram claro ao que vinham: posse de bola total e pressão sufocante, à procura de caminhos para a baliza famalicense. O Famalicão tentou reagir com critério segurando a bola por instantes, mas viu-se novamente engolido pela intensidade portista.

Apesar do domínio, o primeiro lance de verdadeiro perigo pertenceu aos visitantes. Aos 15’, Calegari galgou terreno pela direita, passou por Pepê com facilidade e cruzou tenso para a área. Sejk quase desviou para golo, mas Zé Pedro, atento, cortou a tempo e evitou o susto.

O FC Porto respondeu pouco depois com perigo. Aos 18’, João Mário cruzou com precisão e Mihaj, em esforço, afastou antes que Deniz Gül pudesse finalizar.

Aos 20’, a pressão azul e branca deu frutos. Francisco Moura descobriu Rodrigo Mora na área. O jovem portista dançou diante da defesa adversária, rematou e, com a ajuda de um desvio traiçoeiro, bateu Carevic para o 1-0.

O golo libertou ainda mais o FC Porto, que foi em busca do segundo. Fábio Vieira, aos 27’, quase assinou um golaço, na sequência de um livre estudado. Remate colocado de pé esquerdo, mas Carevic brilhou com uma defesa sensacional, digna de aplausos, com a luva esquerda.

Ainda antes do intervalo, Pepê tentou surpreender com um remate de longe, aproveitando um alívio desastrado de Carevic. O guarda-redes famalicense recuperou a tempo e limpou o erro com uma defesa segura.

O segundo tempo trouxe mais FC Porto – e mais Rodrigo Mora. Aos 53’, Zé Pedro esteve perto do golo, num cabeceamento instintivo parado de forma incrível por Carevic, mas foi aos 57’ que o Dragão explodiu. Mora recolheu uma bola solta à entrada da área, dançou com os pés, simulou, puxou para o pé esquerdo e atirou em arco, sem hipóteses, ao ângulo. Um golaço, daqueles para ver em repetição.

Com o 2-0, o jogo ficou mais aberto. O Famalicão tentou reagir, subiu linhas e tentou encostar o FC Porto atrás, mas sem real capacidade de ferir. Sorriso até teve uma ocasião aos 66’, anulada por fora de jogo, e Diogo Costa respondeu com segurança.

Aos 77’, Rodrigo Mora saiu de cena debaixo de uma ovação estrondosa. Foi, sem dúvida, o homem do jogo. A exibição personalizada dos dragões deixa claro que, apesar de um campeonato algo irregular, há talento e ambição para terminar a época em alta.

Com o 2-0 no marcador, o FC Porto parecia ter o jogo controlado. O Famalicão tentou reagir, mas faltava-lhe acutilância... até aos 82 minutos. Pedro Bondo, com um cruzamento-remate inesperado do lado esquerdo, traiu Diogo Costa e reduziu com um golaço ao ângulo superior. Um momento de inspiração que deixou o resultado em aberto.

Apesar da resposta final dos minhotos, o FC Porto soube fechar a porta e garantir os três pontos. Vitória justa, mas com um aviso claro: nesta fase da época, relaxar pode ser fatal.