Os lançadores do peso portugueses reconheceram hoje ter ficado aquém das suas expectativas nos Mundiais de atletismo, em Budapeste, onde, apesar dessa avaliação, Tsanko Arnaudov saboreou uma vitóra pessoal.
Francisco Belo lançou o engenho a 19,24 metros no seu primeiro ensaio - e único válido -, terminando a competição no 27.º lugar, enquanto Tsanko Arnaudov começou com um arremesso nulo, melhorando, depois, para 19,03 e 19,17, que lhe valeu o 30.º posto.
“Vinha preparado para outra coisa. A melhor parte é a satisfação de estar aqui, porque eu, em janeiro, mudei de treinador [é agora orientado por Luís Herédio Costa], porque não dava mais, não havia futuro. Na altura, não estava à espera de estar nos Mundiais e foi uma vitória estar aqui, porque tive muito sofrimento, muitas mudanças, fiquei sem clube e muitas pessoas a duvidarem. Quando se tornou realidade, foi uma vitória estar aqui, apenas com seis meses de trabalho”, afirmou Tsanko Arnaudov.
O agora atleta individual, de 31 anos, lamentou os azares provocados pela conturbada viagem da comitiva lusa desde Lisboa, reconhecendo que influenciaram o desfecho, um metro abaixo da sua melhor marca do ano.
“Podia abrir aqui um livro escrito durante a viagem. Tivemos tempo para isso e muito mais. Foi uma viagem extremamente longa e dolorosa, porque foram mais de 24 horas e chegámos muito menos de 24 horas antes das primeiras competições. Foi um misto de coisas, com a viagem mal planeada, com o cancelamento e o atraso de voos e não ter mala… Foram praticamente dois dias sem ter uma refeição decente, que influenciou muito este resultado”, vincou.
Com o nono lugar em Londres2017 como melhor resultado nas suas quatro presenças em Mundiais, o recordista nacional espera capitalizar o seu atual momento de forma para conseguir uma segunda presença olímpica, depois do 14.º posto no Rio2016.
“Para o ano, espero ter esta base de trabalho, com um grupo espetacular, foi muito graças a eles que estou cá hoje. Depois, o resultado fala por si, não é um resultado verdadeiro para mim, do que sinto. Vou ter algumas competições nos próximos tempos e espero conseguir aproveitar a minha forma, sem estes problemas com viagens”, rematou.
Francisco Belo, que tem como melhor marca do ano 20,64 metros, também sentiu na pele as dificuldades com a viagem, sem querer, contudo, justificar-se com isso.
“Apesar de as últimas 48 horas terem sido muito difíceis, também hoje foram problemas atrás de problemas. Estávamos nas tendas e tivemos de sair por causa da tempestade e da trovoada, depois foi atrasado, mas não se sabia se era uma hora ou mais, ninguém sabia como aquecer. É verdade que muita coisa correu mal, mas, apesar disso, isso não pode ser uma desculpa”, começou por dizer o lançador do Benfica.
Mas, nem por isso, Belo, de 32 anos, que tem o 13.º posto em Londres2017 como melhor registo em Campeonatos do Mundo, ficou satisfeito com o seu desempenho.
“Eu continuo a achar que correu mal. Eu sabia que a marca para a final ia estar perto dos 21 metros, pelo que o objetivo tinha de ser um recorde da época. Tendo de alcançar 20,80 ou 20,90, porque eram três lançamentos e eu tinha de arriscar. Queremos fazer mais ou menos bem ou queremos muito bom e uma marca grande, mas, às vezes, corre mal – ou era recorde ou nada”, lançou.
E, nesse sentido, o 16.º lugar em Tóquio2020, desvalorizou a marca, quando o objetivo era a presença na final.
“Se eu tenho lançado a 20 metros, tinha ficado cinco lugares acima, mas essa não é a minha mentalidade. Eu queria passar à final e depois tentar ficar o mais bem classificado possível. Dei tudo nestes três lançamentos, mas a competição começou muito difícil, com muita chuva, mas, acreditem, tenho dado tudo”, concluiu.
Sete lançadores conseguiram a marca de qualificação direta para a final (21,40), a disputar ainda hoje, no Centro Nacional de Atletismo, o último dos quais o norte-americano Ryan Crouser, que este ano já melhorou o recorde do mundo três vezes, com 21,48. O derradeiro repescado foi o italiano Leonardo Fabbri, com um arremesso a 20,74.
A final do lançamento do peso vai ser disputada ainda hoje, no Centro Nacional de Atletismo, a partir das 20:37 locais (19:37 em Lisboa).
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