Há 25 anos, Fernanda Ribeiro já era campeã europeia de 10.000 metros e em Gotemburgo prosseguiu ‘o seu caminho’ com o título mundial, segundo passo de um ciclo fulgurante que teve o seu apogeu nos Jogos Olímpicos Atlanta'96.
O recorde do mundo dos 5.000 metros, que ela batera ainda em julho, e o súbito ‘desaparecimento’ das chinesas, que tudo tinham dominado nos dois anos anteriores, ajudava a que as expectativas fossem colocadas altas, mas a atleta de Penafiel superou-as, com enorme classe, naquela pista do sul da Suécia.
Depois de uma eliminatória ‘fácil’, triunfou com autoridade na final dos 10.000 metros, a 09 de agosto, e ainda teve coragem para mais duas corridas, de 5.000 metros, para juntar prata ao seu já impressionante pecúlio.
Foram 30 quilómetros corridos na pista numa semana, um andamento que já não se vê nas competições atuais e que dá mais valor ao feito da corredora lusa.
Uma grande fatia do seu sucesso deve-se sem qualquer dúvida ao treinador, João Campos, que a motivou após uma fase de desânimo, nos anos de passagem de júnior para sénior. Conseguiu incutir-lhe o espírito ganhador, essencial por exemplo para o seu título olímpico, em que no ‘sprint’ final recuperou de uma desvantagem de cerca de 100 metros.
Com 14 medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo e da Europa (absolutos e de juniores), Fernanda Ribeiro é, de longe, a mais medalhada dos atletas portugueses, numa carreira fabulosa, longa de 25 anos.
Em Gotemburgo, em 1995, aparecia já como favorita e deu sinal de que era mesmo isso, com um triunfo fácil nas eliminatórias, a 06 de agosto.
Volvidos três dias, a final, com todas as melhores da atualidade. Depois da britânica Liz McColgan e da sul-africana Elene Meyer, a portuguesa tomou conta da corrida a meio e geriu-a, para uma das vitórias mais seguras da sua carreira.
Só a queniana Tegla Loroupe e a etíope Derartu Tulu acompanharam a sua passada, a fechar o pódio em que o lugar mais alto era de Fernanda Ribeiro, triunfadora em 31.04.99. minutos.
Treze horas e meia depois, regressava à pista para as eliminatórias de 5.000 metros, uma missão de que se saiu igualmente bem, já que só cedeu, na final, para a irlandesa Sónia o’Sullivan.
Nos melhores anos do atletismo português, e num Mundial em que Manuela Machado e Carla Sacramento também foram medalhadas, Fernanda Ribeiro era de facto a melhor entre as melhores e preparava-se para seguir o caminho olímpico de ouro de Carlos Lopes e Rosa Mota. Faltava menos de um ano.
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