O ex-governador do estado brasileiro do Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou hoje em tribunal que comprou, por dois milhões de dólares (1,77 milhões de euros), votos para levar os Jogos Olímpicos àquela região, em 2016.
Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, o ex-governador declarou que comprou votos de delegados do Comité Olímpico Internacional em 2009, com o intuito de garantir que o seu estado fosse sede da competição olímpica de 2016.
De acordo com a imprensa local, Cabral disse que o ex-presidente do Comité Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, como intermediário do esquema.
"O Nuzman disse-me: o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, abre-se para vantagens indevidas", disse hoje Cabral ao magistado, citado pelo portal de notícias G1.
O interrogatório foi um pedido da defesa do ex-governador, que pretende colaborar com as investigações da Operação Unfairplay, um desenvolvimento da Operação Lava Jato.
A Operação UnfairPlay está a cargo da Polícia Federal brasileira, em conjunto com o Ministério Público Federal, que investiga a compra de votos para eleger o Rio de Janeiro como cidade olímpica, no âmbito da qual foi preso, no dia 05 de outubro de 2017, o presidente do COB e do Comité Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman.
Neste processo, além de Cabral, também Nuzman e o empresário Arthur Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, foram acusados de corrupção devido à suspeita de compra de votos.
São também réus no processo o ex-diretor do COB Leonardo Gryner, Lamine Diack e o seu filho Papa Massata Diack.
No interrogatório de hoje, Cabral disse que questionou Nuzman acerca da origem dos votos, ao que o então presidente do COB teria respondido que seriam de membros africanos do comité, assim como de representantes de atletismo.
O ex-governador afirmou ainda que o ex-nadador russo Aleksandr Popov foi um dos que receberam o suborno a favor da candidatura do Rio de Janeiro.
Aquele estado brasieliro disputava a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 com Madrid, Chicago e Tóquio.
Cabral declarou também que o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento da compra de votos. Frisou, no entanto, que ambos não participaram na negociação.
O caso foi revelado em março de 2017 pelo jornal francês Le Monde.
O ex-governador Sérgio Cabral responde em 29 processos, tendo já sido condenado em nove deles, somando 198 anos de prisão na Justiça Federal do Paraná e do Rio de Janeiro.
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