O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, defendeu hoje a presença de dirigentes da Rússia e Bielorrússia na Assembleia de Comités Olímpicos Nacionais, assinalando que não foram os responsáveis pela guerra na Ucrânia.
“Esta guerra não foi iniciada pelo povo russo, nem pelos desportistas russos, nem pelo Comité Olímpico Russo, nem pelos membros do COI na Rússia. Só se pode impor sanções a quem for responsável por algo”, justificou Thomas Bach, na abertura do evento, que decorre em Seul.
A posição do dirigente alemão foi duramente criticada por vários membros da assembleia, que lamentaram ter de compartilhar o espaço onde o evento decorre com representantes russos e bielorrussos, enquanto os ucranianos se vêm obrigados a seguir os trabalhos à distância, desde o seu país parcialmente ocupado.
“Deveria ser ao contrário”, resumiu o presidente do comité dinamarquês, Hans Natorp, mas Bach escudou-se “no interesse de todos”, advertindo que o COI resistirá “com firmeza a qualquer tentativa de politização do desporto”.
O dirigente alemão também encontrou uma justificação para a contradição que se retira da defesa da presença dos dirigentes russos e bielorrussos em Seul e da decisão do COI de suspender atletas daqueles países ou impedi-los de utilizar símbolos nacionais. Uma justificação que retira todo o odioso do organismo olímpico internacional.
Segundo Bach, o COI optou por aquela via por considerar que dessa forma estaria a proteger os atletas da Rússia e da Bielorrússia, perante a possibilidade de outros países impedirem a sua entrada para disputarem provas e que o fez “com o coração pesado”.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 238.º dia, 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Comentários