João Moreira descreve como “um choque e uma tristeza muito grande” não poder competir em Paris2024, após o cavalo Furst Kennedy Old ter sido operado de urgência, mas congratula-se por ter passado a integrar “a família olímpica”.
“Ficar fora dos Jogos Olímpicos na véspera, e perante as circunstâncias que foram, é um choque e uma tristeza muito, muito grande. São coisas que nós não podemos controlar, mas sim, sobretudo é um choque e uma tristeza, porque tínhamos todo o orgulho e honra em representar a nossa bandeira nos Jogos Olímpicos”, confessou, em declarações à agência Lusa.
João Moreira foi substituído na equipa portuguesa de dressage nos Jogos Olímpicos Paris2024 por António do Vale, depois de Furst Kennedy Old ter sido submetido a uma cirurgia de urgência a uma hérnia inguinal.
“Vínhamos numa forma fantástica, essa é a verdade, e inclusivamente nos treinos de adaptação à pista e nos treinos ali em Versalhes, o cavalo estava mais uma vez a demonstrar que vinha numa forma que poderia, eventualmente, fazer algo bastante especial para nós e para o nosso país, e portanto é uma tristeza gigante ficarmos de fora assim”, reiterou.
O cavaleiro de 38 anos iria estrear-se em Jogos Olímpicos a partir de terça-feira, dia do arranque da qualificação do dressage, no Palácio de Versalhes.
“Obviamente que o mais importante é a saúde do cavalo, porque ele é atleta como nós, e temos uma ligação afetiva e emocional gigante, e o mais importante é ele ficar bem. Mas, claro, depois de pensarmos sobre a saúde do atleta e, neste caso, sabemos que de momento estamos fora de perigo, cai um bocadinho a moeda e a tristeza de que não podemos fazer e dar o nosso melhor pelo país”, lamentou.
João Moreira revela que a lesão de Furst Kennedy Old assola “bastante os garanhões” e pode ser muito perigosa por causar “muita dor”, com os cavalos “muitas vezes até a perdem a mobilidade”.
“Não foi o caso ontem. Felizmente, eu conheço muito bem o Kennedy, vi que ele não estava bem, apesar dos sintomas dele não serem muito aparentes […]. Felizmente, foi isso que possivelmente nos levou a conseguir ser rápidos e a salvá-lo. Porque se fosse duas, três horas mais tarde, possivelmente podia ter sido fatal”, contou à Lusa.
Quando percebeu que Furst Kennedy Old estava desconfortável, João Moreira pediu “logo assistência” ao veterinário que acompanha os representantes lusos em equestre.
“O doutor Bruno Miranda observou logo que era um caso para clínica, fomos assistidos na clínica do complexo equestre. E, depois também, felizmente, […] os veterinários que dão assistência no Complexo Equestre dos Jogos Olímpicos são veterinários de uma clínica muito importante aqui na periferia de Paris, que é uma das melhores clínicas de França, e disseram que o cavalo tinha que vir para a cirurgia imediatamente. E veio e, felizmente, correu tudo bem”, detalhou.
Apesar da desilusão de não participar em Paris2024, Moreira garante ir guardar boas recordações destes Jogos Olímpicos.
“Não posso mesmo deixar de referir o esforço e a dedicação e o carinho que o nosso Comité tem por nós, por todos os atletas sem exceção. Fazem-nos sentir muito bem e ajudam - pelo menos falo por mim. Com toda a certeza, estava a ajudar-me à minha melhor performance e estava bastante bem psicologicamente também por causa do nosso Comité. E, portanto, obviamente levo coisas muito boas, porque passei a fazer parte da família olímpica, por assim dizer”, destacou.
Este incidente, segundo o cavaleiro lisboeta, faz com que tenha “ainda mais vontade” de representar Portugal “daqui a quatro anos e de limpar, por assim, dizer esta má experiência”, querendo fazer em Los Angeles2028 “alguma coisa especial”.
“Mas levo, sem dúvida, uma muito boa experiência disto e quero, sem dúvida, levar até ao fim a minha função de bom atleta, que neste caso agora passa a ser apoiar os meus colegas, principalmente o António que estava de reserva e agora passou à equipa titular, e faço questão de os apoiar com tudo o que tenho e tentarmos o melhor para Portugal”, concluiu.
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