Nuno Merino era o melhor português nos trampolins em Jogos Olímpicos, mas viu “com muito prazer” Gabriel Albuquerque ultrapassá-lo hoje, com um quinto lugar em Paris2024.
Em Atenas2004, Nuno Merino tinha entrado para a história da ginástica de trampolins portuguesa com a primeira final e um sexto lugar, um desempenho apenas superado hoje, 20 anos depois, por Gabriel Albuquerque, com a agora treinador da seleção dos Estados Unidos a revelar emoção pelo momento.
“Acho que já estava mais do que na hora desse recorde cair, Vinte anos é demasiado tempo para esse recorde estar em alta. Portanto, o Gabriel tinha mais era de fazer o que ele faz normalmente e passar à frente. Já estava na hora”, garantiu, à agência Lusa.
Apesar de o norte-americano Aliaksei Shostak, que acompanhou nesta prova, não ter passado à final, Merino manteve-se na Arena Bercy, junto aos treinadores de Gabriel Albuquerque, para assistir à final, despedindo-se do novo ‘recordista’ com um abraço.
“Foi o que ele disse, ‘já foste’. Isso é o relacionamento que nós portugueses temos uns com os outros, não é? Gostamos de gozar, gostamos de picar, gostamos de evoluir, essa é a maneira como Portugal puxa no desporto. Ele, aliás, disse ‘já foste’ e eu também lhe disse ‘já fui’, mas com muito prazer. Portanto, sem stress”, brincou.
Apesar de ter apenas 18 anos, Gabriel Albuquerque, segundo Merino, “não tremeu” nos seus primeiros Jogos Olímpicos, “fez o trabalho que tinha a fazer” e “logo na primeira série fez logo como deve ser, fez logo um resultado que o punha na final”.
“Na segunda série, já foi tentar um pouco mais dificuldade para começar a preparar a final e, depois, na final, fez o que tinha a fazer, cometeu ali um errozinho a meio, mas corrigiu muito bem e uma série fortíssima, ele muito bem, não tremeu nada, foi muito bem”, analisou.
Nuno Merino disse estar “muito, muito, muito curioso como é que vai ser o futuro” de Gabriel Albuquerque, que “fez um excelente trabalho hoje, com 18 anos, a lidar com a competição desta maneira e a fazer a série fortíssima que já está a fazer”.
“Acho que há muito bom trabalho para ser feito ali e muito talento ainda para despertar”, considerou.
Quando Merino conseguiu o histórico sexto lugar em Atenas2024, ainda faltavam quase dois anos para Gabriel Alquerque nascer, pelo que o antigo ginasta sabe que não é “uma das pessoas de referência na carreira dele”.
“Mas eu segui o Gabriel durante alguns anos, desde que começou a fazer competições internacionais. Apesar de eu já estar a trabalhar nos Estados Unidos, segui sempre a equipa portuguesa e o Gabriel tem vindo a subir rapidamente nos rankings e tenho-o seguido. Agora, se lhe perguntar, ele só me conhece há uns anos, possivelmente”, concedeu.
Esta prestação de Gabriel Albuquerque, pode, como a sua em 2004, trazer mais pessoas para a modalidade, acredita Nuno Merino, até porque “os Jogos Olímpicos só por si já trazem muitas pessoas”.
“Mas um resultado destes para o país, para Portugal, para um país pequenininho como o nosso, acho que pode trazer muitos novos jovens a entrarem nos trampolins. Acho que era ótimo”, afirmou.
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