"Eu sempre disse que estava em boa forma. Treinei muito e tive muito azar nas provas em que participei. Pode parecer um pouco dúbio o que estou a dizer, mas fui para a Holanda e apanhei chuva, fui para outros sítios e apanhei três ensaios. As novas regras da Diamond League não ajudam, são muito poucos ensaios para fazer acertos. Em casa não tinha a motivação certa, aqui reúne-se tudo. Estou em boa forma e posso pôr tudo em prática", começou por dizer, depois de se apurar para a final com um salto de 16,99 metros, a sua melhor marca do ano.
O campeão olímpico do triplo salto de Pequim2008 acredita que pode saltar na final de terça-feira mais do que fez na qualificação
"Hoje pus o pé bem longe e, como costumo dizer entre os meus amigos, tenho mais dinamite para dar", admitiu.
"Vou lutar por uma medalha. E prometo dar o meu melhor, como viram hoje foi até ao fim. O meu treinador disse que talvez nem fosse necessário, porque vamos ter muito pouco tempo de recuperação, mas eu fi-lo para poder sentir que tinha bons saltos nas pernas", disse, referindo-se à marca atingida no terceiro e último salto, que o deixou no quarto lugar entre 47 saltadores.
No seu regresso aos Jogos Olímpicos, após oito anos de ausência - uma fratura na tíbia afastou-o de Londres2012 -, Nelson Évora revelou ter sentido uma sensação espetacular: "Posso dizer-vos que foi bom sentir o sangue a ferver enquanto fazia os passos para os saltos e ao longo do primeiro e segundo ensaios senti que estava vivo. E no terceiro? Foi o Nelson que vocês estão habituados a ver."
Apurado para a final, o campeão Mundial de 2007 recusou que o seu salto de hoje tenha sido uma resposta a todos aqueles que não acreditavam que poderia voltar a discutir as medalhas em Jogos Olímpicos.
"É dedicado, principalmente, a todos os portugueses que estão comigo, que mandaram mensagens, que fizeram questão de apoiar toda a comitiva. Os outros também vão render-se e vão apoiar. Não há que estar contra ninguém na vida. Saltei com a alegria de estar ali na pista, de sentir o público a apoiar e foi espetacular sentir isso. Agora vou focar-me em descansar, repousar o melhor possível para amanhã", acrescentou.
Adaptado ao horário madrugador das competições no Rio2016, o atleta do Benfica disse estar a sentir-se bem e brincou, indicando que optou por não tomar Red Bull, nem nada com cafeína, reservando essa opção para a final.
Único dos saltadores da sua geração com presença na final, Nelson Évora assumiu a sua missão com orgulho.
"Vou tentar representar da melhor maneira a nossa geração. Sou dos poucos que ainda está ali a fazê-lo, por isso disse-lhes diretamente para eles levantarem a cabeça, porque são uns lutadores. Tiveram uma longevidade espetacular. Foram um exemplo para mim, vão ser para muitos outros", defendeu.
Évora, que preferia ter o cubano Pedro Pichardo, ausente do Rio2016 por lesão, na final, para, caso ganhe uma medalha, poder dizer que estavam todos os melhores, mostrou-se despreocupado com o norte-americano Christian Taylor, que hoje saltou 17,24 metros para ser primeiro.
"O Taylor saiu mais favorito, mas isso não me preocupa. Se posso ganhar-lhe? Ele tem duas pernas, dois braços e uma cabeça?", concluiu.
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