A mágoa de Jorge Fonseca com Paris vai continuar, depois de hoje o judoca português, medalha de bronze em Tóquio2020, ter ficado desiludido consigo mesmo ao perder nos oitavos de final em -100 kg nos Jogos Olímpicos.

“Não era o resultado que eu estava à espera, eu trabalhei imenso para isto, infelizmente perdi. Agora, é continuar a trabalhar para outros objetivos”, declarou aos jornalistas, na zona mista da Arena Champ-de-Mars.

Um desolado Jorge Fonseca precisou de uns minutos para se recompor depois de ter sido afastado por ippon pelo campeão olímpico em título, o japonês Aaron Wolf, na sua estreia em Paris2024.

“Estou um bocado desiludido comigo mesmo, porque queria dar uma alegria aos portugueses, aos meus familiares e às pessoas que me apoiaram, que eram as pessoas mais importantes para dar uma alegria. Infelizmente, não aconteceu, agora é trabalhar, trabalhar, trabalhar para poder chegar aos próximos eventos e estar num nível mais forte”, prometeu.

Sétimo cabeça de série, o português ficou isento na primeira ronda, mas teve o ‘azar’ de encontrar Aaron Wolf logo na estreia nos seus terceiros Jogos Olímpicos.

“Estudou-me bem. Criou-me imensas dificuldades, eu tentava meter os meus ataques fortes e ele defendia bem. Estudou-me bem e nesse nível estudámo-nos bem um ao outro. Infelizmente, fui para dar tudo e ele bloqueou o meu judo. Eu tive que lutar para sobreviver e tentei sobreviver o que eu pude. Dei tudo de mim e, infelizmente, não foi possível”, lamentou.

O medalhado de bronze de Tóquio2020 concedeu que “o judo é isto, o alto nível é isto”.

“Não lutei com uma pessoa qualquer, lutei com um campeão olímpico. Estou muito feliz por ter lutado com um campeão olímpico. Para mim, foi um grande objetivo. Agora é levantar a cabeça e continuar com os outros objetivos”, reforçou.

Fonseca confessou que chegou à capital francesa “completamente diferente” do que era nos anteriores Jogos, nos quais era “um miúdo e não tinha muitas lesões”.

“Eu falo de lesões, porque eu passei por muito, passei por momentos muito difíceis. Estive um ano parado no judo, um ano sem competir, sem nada. Um ano de muita frustração. Depois, quando fiz o apuramento para os Jogos, estava bem. Houve momentos em que duvidei de mim, se eu era ainda capaz. Acabei por treinar muito e levantar a cabeça, com apoio da psicóloga, de fisioterapeutas, do Sporting. Apoiaram-me imenso para poder chegar cá”, notou.

Nestes Jogos, por isso, tentou ser “mais experiente” e não lutar “bum, bum, bum”, preferindo antes “começar aos poucos os combates”.

“Infelizmente, o japonês foi mais inteligente do que eu, fez aquilo que é o verdadeiro de um campeão”, acrescentou.

A derrota na estreia nestes Jogos Olímpicos prolonga também "a mágoa" que Jorge Fonseca tem com Paris.

“É uma grande frustração, porque nunca consegui ganhar um ouro neste país, nessa cidade, que é uma das minhas cidades favoritas. Tenho uma grande mágoa e ainda por cima tenho uma grande figura em casa, que é o meu treinador [Pedro Soares], que ganhou o Grand Slam de Paris. O meu grande sonho é dar uma vitória, superando-o a ele no que ele já foi. Infelizmente, não foi hoje”, concluiu.