Iúri Leitão ainda não tem “bem noção” do que alcançou, após ser ouro no madison ao lado de Rui Oliveira e sagrar-se vice-campeão olímpico no omnium, considerando que os dois ciclistas merecem o destaque que estão a ter.

“A verdade é que ainda não tenho bem noção. Passou muito pouco tempo, nem deu para dormir direito, as emoções são muitas. Ainda estou a tentar digerir e processar o que é que aconteceu, mas estou muito feliz, isso sem dúvida”, resumiu o vianense.

Iúri Leitão regressou hoje ao Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines, onde há menos de 24 horas se sagrou campeão olímpico de madison, para assistir à prestação de Maria Martins no omnium e, nas bancadas, falou com a agência Lusa, abordando o destaque que ele e Rui Oliveira tiveram nas últimas horas em Portugal.

“É muito bom ver esse reconhecimento, ver essa divulgação, mas acho que está de acordo com aquilo que nós merecemos, com aquilo que nós fizemos. É um feito histórico, apenas a sexta medalha de ouro para Portugal na história do nosso país e a primeira fora do atletismo. Somos um desporto com pouca tradição em Portugal, na parte da pista”, destacou.

O vianense de 26 anos, que falou com a Lusa enquanto Rui Oliveira estava na box de ‘Tata Martins’, notou que “o ciclismo é uma modalidade muito forte em Portugal e muito ligada ao povo”, mas que a pista ainda está a dar os primeiros passos.

“E conseguirmos chegar aos nossos primeiros Jogos e ganhar logo a medalha de ouro é único e acho que merecemos esse destaque”, reforçou.

Sobre os festejos do ouro olímpico, contou que chegaram “tão tarde à Aldeia Olímpica” – “era meia-noite e meia e ainda estávamos a dar entrevistas” –, que acabaram “por não conseguir festejar nada”.

“Fomos para a cama, estivemos a rever partes da corrida, estivemos a conversar sobre coisas que tinham acontecido, a rir-nos e a tentar não fazer barulho, porque tínhamos pessoal no nosso piso que ia competir hoje, tínhamos a Susana [Santos] da maratona, que ia competir. Ela estava a dormir e nós a tentar não fazer barulho, enfim, acabámos por adormecer, mas não dormimos nada”, descreveu.

Na estreia lusa em provas masculinas de pista, Iúri Leitão e Rui Oliveira juntaram-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo, todos campeões olímpicos no atletismo, com o vianense a tornar-se ainda no primeiro a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos.

Com a euforia das últimas horas, Leitão falou “com muito poucas pessoas”. “Tentei ver o máximo de mensagens possíveis antes do madison, mas a verdade é que ainda não consegui ver todas do omnium, quanto mais as do madison, as minhas redes sociais estão a explodir, felizmente, não é? E espero ter um tempo para conseguir dar uma resposta a toda a gente”, confessou.